Protagonista de escândalo do Nobel é condenado a dois anos de prisão
Francês Jean-Claude Arnault, acusado de estupro, tinha relações estreitas com a Academia Sueca, que entrega o Nobel
Um tribunal de Estocolmo decretou, nesta segunda-feira, a condenação de Jean-Claude Arnault a dois anos de prisão. O francês de 72 anos e marido da acadêmica e poetisa Katarina Frostenson é acusado de ter estuprado duas vezes, em outubro e dezembro de 2011, uma mulher em um apartamento da capital sueca.
Arnault, que está em prisão preventiva desde a última segunda-feira, foi condenado pelo crime de outubro, anunciou a juíza Gudrun Antemar em um comunicado. “Não há nenhuma razão para uma pena mais curta que dois anos”, afirmou a magistrada em uma entrevista coletiva.
O escândalo, que abalou a Academia Sueca, veio a público em novembro de 2017, um mês depois das revelações sobre estupros e outras agressões sexuais atribuídas ao produtor de cinema americano Harvey Weinstein. Dezoito mulheres denunciaram Arnault por estupro ou agressão sexual, quase todas de forma anônima, no jornal sueco Dagens Nyheter (DN).
Arnault tinha relações estreitas com a Academia Sueca e mantinha um clube literário em uma das propriedades da instituição, que concede desde 1901 o Prêmio Nobel de Literatura. Após o escândalo, a Academia cortou relações com o artista e iniciou uma auditoria, que concluiu que Arnault não tinha influído em decisões sobre prêmios. O caso levou oito acadêmicos a renunciarem, de forma definitiva ou temporária, cargos na instituição, incluindo a secretária vitalícia, Sara Danius.
A Academia Sueca impulsionou várias reformas e adiou o Nobel de Literatura deste ano, pela primeira vez em setenta anos, o que significa que em 2019 serão entregues dois prêmios, medida justificada pela falta de confiança e o enfraquecimento da instituição.