A decisão da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de entregar quatro prêmios do Oscar durante os intervalos da exibição vem causando polêmica. As premiações das categorias de melhor fotografia, edição, curta-metragem e maquiagem e cabelo não serão transmitidas ao vivo e, no lugar, a organização do evento prometeu exibir um compilado com os discursos de agradecimento dos vencedores – o que desagradou diversas personalidades do ramo.
Alfonso Cuarón, diretor de Roma, indicado a dez prêmios, incluindo melhor fotografia, utilizou o Twitter para se manifestar contra a decisão da Academia. “Na história do cinema, obras existiram sem som, sem cor, sem história, sem atores e sem música. Nenhum filme já feito existiu sem fotografia e edição”, protestou.
Cuarón foi apoiado pelo colega Emmanuel Lubezki, vencedor do Oscar por melhor fotografia em três ocasiões. “Fotografia e edição são possivelmente as ‘partículas elementares’, os componentes primordiais do cinema. É uma decisão infeliz”, escreveu em seu perfil no Instagram.
Vencedor de melhor diretor e melhor filme na edição anterior do evento, Guillermo del Toro também foi às redes sociais se manifestar contra a decisão. “Eu não teria a presunção de sugerir quais categorias deveriam ser premiadas no comercial do Oscar, mas, por favor: fotografia e edição são o coração do nosso ofício. Elas não são herdadas de uma tradição teatral ou literária: elas são o próprio cinema.”
A Associação Americana de Diretores de Fotografia emitiu um comunicado na terça-feira 12 repudiando a mudança. “Essa decisão pode ser vista como uma separação e divisão do processo criativo, minimizando nossas fundamentais contribuições criativas”, afirmou Kees van Oostrum, diretor da organização. “Nós não podemos aceitar essa decisão tranquilamente sem protestar.”
Em e-mail enviado aos membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, o presidente John Bailey afirmou que os representantes das categorias que foram cortadas da cerimônia se voluntariaram para que seus prêmios fossem entregues durante os comerciais.
A mudança parece ser resultado da preocupação da Academia com a baixa audiência que o Oscar vem conquistando nos Estados Unidos nos últimos anos. Em 2018, a audiência foi de 26,5 milhões de pessoas no país americano, a menor da história da premiação. Com uma transmissão mais curta, a expectativa é que a audiência volte a crescer.