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Os hipopótamos de Pablo Escobar que viraram dor de cabeça para a Colômbia

Animais importados ilegalmente da África pelo narcotraficante nos anos 1980 já somam 130 – e até inspiraram um filme

Por Gabriela Caputo 3 mar 2023, 14h44
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  • Apelidados “hipopótamos da cocaína”, os enormes animais importados ilegalmente da África pelo narcotraficante Pablo Escobar nos anos 1980 se tornaram um problemão para a Colômbia. Originalmente eram apenas quatro, mas hoje os gigantes somam cerca de 130 – e podem alcançar a marca de 400 em oito anos, de acordo com as autoridades ambientais. Como forma de controlar a multiplicação da espécie, o país está propondo transferir ao menos 70 deles para Índia e México. No ano passado, o governo os declarou praticamente inimigos: foram considerados uma espécie praga.

    Os hipopótamos, que viviam na antiga fazenda de Escobar, a Hacienda Napoles, sobreviveram após o abandono e morte do traficante em 1993 e passaram a se reproduzir pela região, nos arredores do rio Magdalena. O local está a 200 quilômetros de Bogotá. Os animais viraram uma espécie de figura mítica no país: são uma atração turística desde a morte do “pai”, e em 2010 inspiraram um filme, Hipopótamos de Pablo Escobar, que narra a luta da Colômbia contra o tráfico de drogas através do olhar de um deles.

    O grande transtorno representado pelo “presentinho” de Escobar para o país é que a espécie não possui um predador natural na Colômbia. Sua presença também ameaça a biodiversidade local, já que suas fezes alteram a composição dos rios e podem interferir no modo de vida de outros animais, como peixes-boi e capivaras. Outra preocupação é o risco à vida humana, já que na África os hipopótamos causam mais mortes do que qualquer outro animal de grande porte. Embora acidentes fatalistas ainda não tenham acontecido na Colômbia, moradores da região relatam que os hipopótamos às vezes saem da água e caminham pelas ruas da cidade, parando o trânsito e a circulação de pessoas.

    Há quem tente protegê-los: em 2021, o governo foi processado por um plano de esterilizar ou matar os animais, e um tribunal federal determinou que os grandalhões podem ser reconhecidos como pessoas ou “pessoas interessadas” com direitos legais nos Estados Unidos – decisão que não tem peso algum no território colombiano. O plano atual, menos polêmico, de exportá-los para a Índia – 60 animais – e para o México – os outros dez – é um feito do Ministério do Meio Ambiente de Antioquia, e a logística está sendo pensada nos mínimos detalhes. São prioridade os hipopótamos que vivem nos rios ao redor da Hacienda Napoles, não os que estão dentro da fazenda, que se encontram em um ambiente controlado e não ameaçam o ecossistema local.

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