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Os DJs que arrastam multidões virtuais aos shows dentro de games

Os astros dos pickups estenderam seu domínio mundial da criação de hits a festas enormes. Agora, na ausência delas, desbravam novo filão lucrativo

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 15h45 - Publicado em 7 ago 2020, 06h00
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    MARSHMELLO
    Marca pessoal: Com sua cabeça de marshmallow e olhos em forma de “x”, é um dos DJS que mais lucram hoje — mas ninguém sabe sua real identidade

    Poder de fogo: 47,3 milhões de inscritos no YouTube e 51 milhões de ouvintes mensais no Spotify. Faturou 40 milhões de dólares em 2019

    Colaborações: Selena Gomez, Khalid, Kane Brown

    Em razão do coronavírus, eventos para multidões tornaram-se um anátema no mundo inteiro. Mas isso não impediu a realização de uma balada global no último sábado, dia 1º. Milhões de pessoas ao redor do planeta se reuniram para curtir a discotecagem ao vivo do DJ americano Diplo num telão futurista montado em um imenso descampado. A decoração seguia o padrão usual das raves: luzes estroboscópicas, lasers, efeitos especiais e até hologramas gigantes animaram o público. Os fãs também não fizeram feio vestindo roupas psicodélicas e arrasando nas coreografias. Lá pelas tantas, até a gravidade foi alterada, fazendo todos literalmente flutuarem. Essa balada muito louca aconteceu de verdade, mas não provocou aglomeração real: tudo se passou dentro do ambiente virtual do Fortnite, videogame on-line mais popular do mundo.

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    Na cultura pop atual, onde houver sinal de agito (e de grana) lá estarão os disc-jóqueis, ou DJs. A categoria passou por uma supervalorização inédita com o advento das festas de música eletrônica, a partir da década de 90, saltando dos bastidores para o primeiríssimo plano graças ao sucesso de artistas como o inglês Fatboy Slim. Agora, o processo de entronização dos DJs se radicaliza: nomes como Diplo, Marshmello, Steve Aoki e Deadmau5 compõem uma casta de poderosos baladeiros globais (veja mais ao longo da reportagem). Eles não só tocam músicas dos outros, mas também criam os próprios hits, como é o caso de Diplo e seu bem-sucedido projeto Major Lazer. Ainda impõem-se como produtores com toque de midas de boa parte das estrelas musicais, de Selena Gomez a Snoop Dogg.

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    DIPLO 
    Marca pessoal: É um arroz de festa que já tocou até no Carnaval brasileiro. Ninguém encarna melhor a figura do DJ-produtor empoderado

    Poder de fogo: 2,16 milhões de inscritos no YouTube e 36 milhões de ouvintes mensais no Spotify. Faturou 25 milhões de dólares em 2019

    Colaborações: Major Lazer, Justin Bieber, Snoop Dogg, Anitta, Pabllo Vittar

    Os DJs reinam, sobretudo, nas festas para multidões. O coronavírus atingiu em cheio essa perna essencial do negócio, mas isso tem sido o menor dos problemas: além de explorar as já tradicionais lives, eles encontraram nos games um jeito de manter — e ampliar — seu alcance. Pioneiro nas apresentações nos jogos on-line, Marshmello atraiu 10 milhões de pessoas ao mesmo tempo no Fortnite, em fevereiro de 2019. O número é quase três vezes superior ao público que assistiu à live da sertaneja Marília Mendonça, em abril — recorde desses eventos na música.

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    Embora tenham surgido no começo de 2019, as baladas dos games ganharam impulso na pandemia. “Estamos apenas arranhando a superfície desse tipo de entretenimento”, diz o DJ e especialista Camilo Rocha. Até esta semana, o Fortnite promoveu seis shows na quarentena. Fora o rap­per Travis Scott, as outras principais atrações foram DJs. Eles são favorecidos, de cara, por uma conveniência: é mais fácil inserir num palco virtual a imagem de um único artista pilotando pickups do que uma banda inteira, por exemplo. Mas só isso não explica como os DJs se tornaram pontas de lança do formato.

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    STEVE AOKI 
    Marca pessoal: DJ celebridade por excelência, é tão festejado quanto ouvido e tem “parças” famosos em Hollywood, como os atores Aaron Paul e Vin Diesel

    Poder de fogo: 2,8 milhões de inscritos no YouTube e 17 milhões de ouvintes mensais no Spotify. Faturou 30 milhões de dólares em 2019

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    Colaborações: Iggy Azalea, will.i.am, BTS, Backstreet Boys

    A atual safra dos DJs ostenta outras marcas úteis dentro ou fora dos games. Alguns cultivam personas que são, em si, avatares. Do alto de um faturamento de 40 milhões de dólares em 2019, segundo a revista Forbes, Marshmello é um enigma. Sabe-se, no máximo, que o rapaz por trás do capacete em forma de marshmallow é americano e tem 28 anos. O canadense Deadmau5, de 39 anos, é menos misterioso — e notoriamente encrenqueiro. Sua cabeça de Mickey Mouse virou um elemento peculiar nas baladas reais e virtuais, e o rapaz comprou briga com a Disney ao tentar registrar seu ratinho (e foi processado).

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    O traço que une a todos é o sincretismo despudorado. Adeptos da Electronic Dance Music (EDM), vertente mais pop e dançante da música eletrônica, eles tocam faixas tanto para ouvir nas rádios quanto para fritar nas pistas. São DJs que dançam conforme a música. Marshmello fez parceria com Khalid, um rapper descolado, mas também se associou ao cantor country Kane Brown. O americano Steve Aoki, de 42 anos, abraçou o K-pop. Diplo, de 41, é figurinha facílima até no Brasil. Já trabalhou com Anitta e Pabllo Vittar e, no último Carnaval paulistano, foi resgatado às pressas de um bloco, em meio a um tiroteio.

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    DEADMAU5 
    Marca pessoal: O capacete à la Mickey Mouse lhe deu um ar de avatar em show no game Fortnite (foto). Mas o uso do adereço levou a uma briga com a Disney

    Poder de fogo: 1,6 milhão de inscritos no YouTube e 3,7 milhões de ouvintes mensais no Spotify

    Colaborações: Kaskade, Rob Swire

    No Fortnite, Diplo não correu riscos assim. O objetivo do game é matar os adversários, mas as armas são desativadas nos shows e os espectadores pulam e dançam usando avatares. Os cachês não são divulgados, mas dá para captar a escala milionária pela experiência de um brasileiro a caminho de virar mais um astro global da categoria. O goiano Alok, de 28 anos, fatura na casa dos milhões de reais para dividir os joysticks com fãs no Free Fire, rival do Fortnite. “São adolescentes que não podem ir a baladas e serão futuros fãs”, diz Alok, que patrocina a formação de jogadores de games. Para garantir o beat de amanhã, os DJs não brincam em serviço.

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    Publicado em VEJA de 12 de agosto de 2020, edição nº 2699

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