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O último (e avassalador) poema do autor palestino morto na Faixa de Gaza

Poeta Refaat Alareer e sua família foram vítimas de um bombardeio – leia texto feito por ele sobre iminência da morte na área de conflito

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 dez 2023, 11h55
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  • O elogiado poeta palestino Refaat Alareer, 44 anos, morreu com sua família na quinta-feira, 7, vítimas de um bombardeio na Faixa de Gaza. Segundo amigos e testemunhas locais, o ataque foi feito pelo exército israelense. Professor de escrita criativa e elogiado por seus poemas profundos e acessíveis, Alareer ganhou proeminência fora de sua terra natal ao publicar textos em inglês e conduzir projetos sociais, entre eles a oficina de escrita para jovens We Are Not Numbers (Não Somos Números). Ele também co-assinou dois livros de contos sobre a vida em Gaza em 2014 e 2015: Gaza Writes Back (trocadilho em inglês que significa, em tradução livre, Gaza Reage com a Escrita) e Gaza Unsilenced (Gaza Não Silenciada). Na semana passada, o autor chegou a publicar uma rara selfie para dizer que estava vivo.

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    Em seu último poema, publicado no X (antigo Twitter), Alareer expôs o sentimento de ser rondado pela morte na região do conflito. Confira abaixo uma tradução livre do texto e a publicação original. 

    Se eu devo morrer,
    você deve viver
    para contar a minha história
    para vender minhas coisas
    para comprar um pedaço de pano
    e algumas cordas,
    (deixe-o branco com uma cauda longa)
    para uma criança, em algum lugar em Gaza
    enquanto ela encara o céu nos olhos
    esperando seu pai que partiu em chamas
    e não se despediu de ninguém
    nem mesmo de sua carne
    nem mesmo de si –
    vê a pipa, minha pipa que você fez, voando acima
    e imagine por um momento que um anjo está lá trazendo de volta o amor
    Se eu devo morrer
    deixe que isso traga esperança
    deixe que isso seja um conto

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