Se alguém suspeitava que por trás da agressividade física de Gael (Sergio Guizé) havia uma imensa covardia, o capítulo desta terça-feira de O Outro Lado do Paraíso confirmou o diagnóstico, típico de homens que se valem da força para se impor em uma relação. Gael, com perdão da rima, é um autêntico pastel.
Usado a vida toda como títere da mãe, a maléfica Sophia (Marieta Severo), que o estimulou a bater na amada, a ex-pobretona Clara, para dominá-la e convencê-la a deixar que explorassem as terras de sua família, repletas de esmeraldas que manteriam o alto padrão de vida da megera, Gael ficou chateado ao saber que, para assegurar a exploração dos minérios, a psicopata forjou um laudo médico e internou Clara por dez anos em um manicômio isolado em um penhasco, digno de um filme de terror.
Ficou chateado, mas não rompeu com a mamãe. Pelo contrário: continuou a morar com Sophia, a apoiá-la no trabalho nas minas e a comer da comida que ela colocava em casa. O retorno de Clara, que conseguiu escapar miraculosamente de uma queda, a bordo de um caixão, da clínica psiquiátrica até o mar, o fez rever a associação com a mãe. Mas não por completo. Gael prometeu a Clara que iria ajudá-la a reaver a guarda do filho, que não viu crescer, mas seguiu unha e carne com mamãe.
Quando o garimpeiro Mariano (Juliano Cazarré) desapareceu, Gael encontrou um brinco do ex-amante de Sophia no closet da mãe, e logo desvendou a charada: mamãe é de morte. Foi à polícia e a denunciou, mas, que coisa, continuou a morar na confortável mansão mantida pela vilã.
Foi apenas na noite desta terça que o playboy deixou a casa. Mas não foi por conta própria: ele seguiu ordens da mamãe, que o expulsou depois de descobrir que o filhote ficou bonzinho. Numa daquelas cenas surreais da novela de Walcyr Carrasco, Sophia contou tintim por tintim quem é, que já assassinou uma porção e que não se arrepende de nada. E ainda tentou cooptá-lo, ao que Gael se negou, abrindo mão das esmeraldas e jurando amor a Clara.
“Isso aqui, os móveis, a tua roupa, é tudo coberto de sangue”, disse Sophia, deixando evidente que Gael, covarde que é, come da comida comprada com dinheiro sujo, vive uma vida bancada por crimesue. “Eu, não”, ele tentou se defender. Então a vilã, de supetão, começou a contar sua vida com ironia e um certo orgulho.
Confira abaixo o diálogo em que Sophia conta tudo para Gael – e o consagra como pastel.
“Não? Eu vou te contar de onde eu vim. Meu pai era um miserável. Ele matou a minha mãe e fugiu. Mas não era diferente do avô dele, não, que também tinha, ó, muitas mortes nas costas. Eu fiquei sozinha. Sozinha. O que eu fiz? Eu me prostituí. Prostituta. Mamãe virou quenga. Gostou de ouvir? Foi aí que eu conheci aquela velha cafetina, Caetana. Eu matei, Gael. Eu matei meu amante, Agenor, casado, rico, me prometeu dinheiro, muito dinheiro, e não me deu. Foi quando eu descobri que a tesoura era um excelente instrumento para matar.”
“Para, eu não quero ouvir.”
“Mas vai ouvir até o final. Teu pai… teu pai te apaixonou por mim, pela quenga, pela mulher da vida, e nós casamos, fomos morar na fazenda. Tanto teu pai como eu, sabe como nós aumentávamos os limites da fazenda? A tiro. O Rato já trabalhava para mim. Naquela época, eu mandava o Rato acabar com os fazendeiros mais fracos. Aí, teu pai morreu. E o dinheiro ameaçou acabar e eu consegui as esmeraldas. Tá entendendo, Gael? Tá entendendo de onde você veio? Foi dessa m*** toda. Teu avô era fazendeiro. O teu avô também era mandante de morte. Eu, ó, não me importo. Quis me dar o golpe, né, Gael? Mas não conseguiu. Esse é o sangue que corre na tua veia, Gael. É assim, você tentou matar, quase matou a tua primeira mulher de pancada. E a Clara, você batia na Clara. Gael, você nasceu das minhas entranhas, não tem vocação para isso.”
“Eu vou provar que eu posso ser melhor.
“Vai provar, mas fora da minha casa. Aqui, não. Você vai embora. Se fosse um truque, eu até te respeitava. Mas não. Você é um frouxo, caiu de amores por aquela Clara.”
“Eu vou embora, mas eu não sou um frouxo. Eu sou um homem e tenho muito orgulho de ser um homem que toma as próprias decisões.”