O dilema explosivo da Globo diante do ‘abacaxi’ Cássia Kis
Atriz de 'Travessia' tornou-se tóxica por falas homofóbicas e adesão a atos golpistas - mas emissora pode ser criticada por qualquer posição que adote
No ar em Travessia, atual novela das 9 da Globo, Cássia Kis virou uma dor de cabeça para a maior emissora do país. Não bastassem suas declarações homofóbicas – que já obrigaram a empresa a se posicionar, repudiando a discriminação contra a comunidade LGBTQIA+ –, a atriz voltou a chocar o meio artístico na quarta-feira, 2, ao comparecer a um ato antidemocrático no Rio. Na manifestação em apoio a Jair Bolsonaro (PL), derrotado na eleição contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições, ela foi aplaudida por manifestantes que pedem um golpe de estado — uma reivindicação ilegal. A artista aplaudiu de volta, e chegou a se ajoelhar para rezar em meio a uma multidão de bolsonaristas.
As atitudes controversas colocam a Globo em um dilema. Demitir a atriz seria a forma de se posicionar como uma empresa a favor da democracia. Entretanto, os apoiadores de Bolsonaro, como a própria Cássia, podem alegar que houve censura à liberdade de expressão individual da atriz. Em contrapartida, manter a funcionária também passaria a mensagem de que a emissora não se importa em fazer vista grossa para seus comportamentos descabidos — além de ampliar o clima já tóxico entre Cássia e outros colegas de elenco nos bastidores de Travessia.
VEJA procurou a assessoria da Globo para questionar se a emissora vai tomar alguma providência em relação à contratada, mas não obteve resposta até o momento. A intérprete de Cidália em Travessia é amiga de longa data da autora, Glória Perez, que também apoia Bolsonaro, ainda que de forma menos ativa — e a autora deve brigar para mantê-la no elenco. Entre a omissão ou a ação, a empresa da família Marinho tem o futuro de Cássia nas mãos, assim como sua própria imagem perante o público. É um abacaxi e tanto nas mãos.