Entre 2006 e 2008, um funcionário das filhas de Pablo Picasso, Aimé Maeght e Jacqueline Picasso, roubou centenas de desenhos do cubista. Freddy Munchenbach aproveitava a saída das donas para usar a chave dos imóveis onde elas moravam e surrupiar os desenhos a conta-gotas. Boa parte do material foi vendido para a galeria Belle et Belle, em Paris, que escondeu as peças. O caso voltou à tona nesta semana, depois que os donos da galeria foram considerados culpados pela compra e ocultação dos objetos roubados. A decisão encerra uma investigação que se arrastou por mais de uma década.
Em entrevista ao site especializado The Art Newspaper, Catherine Hutin, filha de Jacqueline, e Sylvie Baltazart-Eon, filha de Aimé, estimaram que ao menos 553 desenhos e gravuras originais de Picasso foram roubados pelo empregado, totalizando 13,5 milhões de euros. Preso em 2011, Munchenbach ficou detido por quatro meses, mas foi solto, pois o prazo de prescrição de três anos para seus crimes havia expirado. Já Anne Pfeffer, de 80 anos, e seu marido, Herbert, donos da galeria, não conseguiram se livrar da investigação de mais de uma década.
No julgamento no início do mês, o casal negou qualquer irregularidade na compra das obras, mas o tribunal considerou que eles estavam “bem cientes” da origem ilícita das peças. Condenados, Anne e Herbert terão de cumprir uma pena suspensa de dois anos e um ano, respectivamente, e pagar 400.000 euros em multas e indenizações. Eles também foram banidos da negociação de obras de arte pelos próximos cinco anos. A decisão ainda pode ser contestada, mas o tribunal espera que a sentença facilite a recuperação dos desenhos — que, caso encontrados, devem ser devolvidos às herdeiras.