A Academia Sueca anunciou nesta quinta-feira, 7, que o autor tanzaniano Abdulrazak Gurnah, 73 anos, é o vencedor do Nobel de Literatura em 2021. Segundo a entidade, responsável pela honraria, Gurnah foi eleito por seu relato “rigoroso e sensível sobre os efeitos do colonialismo” e o “destino dos refugiados no golfo Pérsico, entre culturas e continentes“.
“Na literatura de Gurnah, tudo está em constante mudança — memórias, nomes, identidades. Uma exploração infinita movida pela paixão intelectual se vê em todos os seus livros, especialmente em sua mais recente obra Afterlives (2020), a qual ele começou a escrever quando era um refugiado de 21 anos”, disse a Academia.
Gurnah é o quinto africano a conquistar o prêmio. Antes dele foram laureados o nigeriano Wole Soyinka, em 1986; o egípcio Naguib Mahfouz, em 1988; e os sul-africanos Nadine Gordimer, em 1991, e J.M. Coetzee, em 2003. É também o quarto negro, atrás de Soyinka, da americana Toni Morrison, e do caribenho Derek Walcott.
Nascido em 1948, no arquipélago de Zanzibar, na Tanzânia, África, o autor fugiu do país, no fim dos anos 60, aos 18 anos, durante a perseguição contra cidadãos de origem árabe promovida pelo governo do presidente Abeid Karume. Se instalou na Inglaterra e só retornou ao continente africano no começo da década de 80, para ver o pai uma última vez, antes de sua morte. Na época, ele chegou a ensinar literatura na Universidade de Kano, na Nigéria, mas logo retornou ao Reino Unido, para finalizar seu doutorado na Universidade de Kent, onde se tornou diretor do departamento de Inglês. Gurnah se especializou em literatura pós-colonial, voltada especialmente para países africanos e caribenhos.
Pelo segundo ano consecutivo, prêmio Nobel não terá cerimônia presencial em Estocolmo, em razão da pandemia. Os laureados receberão o prêmio em seus países de residência.