Principal honraria que celebra a excelência literária mundial, o Nobel da Literatura, anualmente, movimenta as casas de apostas, que buscam acertar qual será o próximo laureado. Raramente os palpiteiros acertam o vencedor – porém, muitos dos premiados figuraram em alguma posição de listas do tipo. Este ano, a maioria dos autores entre os favoritos é de fora do eixo Europa-Estados Unidos, em um aceno pela busca de uma maior diversidade entre os vencedores – exceto pelo nipo-britânico Kazuo Ishiguro, premiado em 2017, todos os laureados do Nobel da Literatura dos últimos nove anos eram europeus ou americanos. No ano passado, quem levou a honraria foi a poeta americana Louise Glück.
O japonês Haruki Murakami, 72 anos, mantém há anos o favoritismo entre os apostadores, e já começa a ser tratado como o “novo” Philip Roth – incomparável escritor americano que morreu sem o Nobel. O autor de obras como Minha Querida Sputnik e a trilogia 1Q84 ostenta uma vasta produção literária, que transita entre romances, contos e não-ficção, discorrendo por temas filosóficos e cotidianos, muitas vezes com a ajuda de elementos fantásticos.
A poeta canadense Anne Carson, 71, e sua conterrânea, a popular autora da distopia O Conto da Aia, Margaret Atwood, 81, também estão entre as favoritas. As mulheres, aliás, são as mais citadas nas casas de apostas. Estão cotadas ainda a novelista russa Ludmila Ulitskaya, 78, a autora francesa Annie Ernaux, 81, e a guadalupense Maryse Condé, 84. Por fim, o húngaro László Krasznahorkai, 67, dono de uma prosa intrincada e polêmica, e o versátil queniano Ngũgĩ wa Thiong’o, 83, são dois outros fortes concorrentes ao prêmio.
Confira a seguir dicas de livros de autoria destes escritores:
Eu, Tituba: Bruxa Negra de Salem, de Maryse Condé
A personagem real, nascida em Barbados e filha de escravos, estava entre as mulheres julgadas por praticar bruxaria em Salem, no século XVII. Sua história é narrada com intensidade e liberdade poética pela autora guadalupense, que acrescenta um tom sobrenatural à trama.
Meninas, de Liudmila Ulítskaia
O livro traz seis contos ambientados em Moscou, em torno da morte de Stálin, em 1953, e protagonizados por garotas de 9 a 11 anos de idade. A ótica ingênua das jovens se mescla aos sentimentos da época, do contexto social até a manipulação política soviética e sua propaganda.
Sonhos em Tempo de Guerra, de Ngũgĩ wa Thiong’o
Livro de memórias, a obra volta ao fim dos anos 30, em uma área rural onde pai do autor com suas quatro esposas e 24 filhos viviam numa pequena comunidade. Ele narra então, as primeiras experiências sociais e culturais do processo de colonização.
O Assassino Cego, de Margaret Atwood
Se O Conto da Aia é o livro mais popular da autora canadense, O Assassino Cego é seu título de maior prestígio. A obra narra a decadência de uma família ricaça em paralelo com outra trama: uma ficção científica erótica escrita por uma das jovens desta família, que se matou deixando para trás apenas o manuscrito.
Autobiografia do Vermelho, de Anne Carson
A obra, que será lançada ainda este mês pela Editora 34, foi chamada pela autora de “romance em versos”. A poeta revê o mito grego de Gerião, um monstro vermelho que caiu na mira de Hércales, vertendo a trama em uma história de amor e amadurecimento.
Os Anos, de Annie Ernaux
A história da França se mescla a uma autobiografia em terceira pessoa da autora, que usa memórias e fatos, ao longo de seis décadas, do pós-Guerra nos anos 40 até a virada do milênio.