Morre Sidney Poitier, primeiro ator negro a ganhar o Oscar
Ator tinha 94 anos e marcou a história de Hollywood ao abrir portas para protagonistas não brancos
Morreu Sidney Poitier, grande ator de Hollywood e o primeiro homem negro a ganhar o Oscar, aos 94 anos. A causa da morte não foi divulgada. Poitier levou o troféu em 1964, por Uma Voz nas Sombras, lançado um ano antes. Ele também fez história ao estrelar No Calor da Noite (1967), primeiro vencedor do Oscar de melhor filme com um protagonista negro e uma trama de teor racial.
Filho de um casal bahamense, Poitier ganhou a nacionalidade americana ao nascer prematuro em Miami, em 1927, quando seus pais, agricultores, visitavam o país para vender legumes. Ele cresceu nas Bahamas e, aos 13, deixou a escola para trabalhar e ajudar a família. Aos 15, se mudou para os Estados Unidos e sonhava com a carreira de ator. Antes de conquistar Hollywood com seu carisma e voz aveludada, Poitier fez sua estreia na Broadway, em uma montagem da comédia Lysistrata, em 1946. Mais tarde, em plena disputa pelos direitos civis dos negros, Poitier se tornou um símbolo do movimento, ao encabeçar histórias em que seus personagens fugiam de estereótipos.
Em O Ódio é Cego (1950), filme que lhe abriu as portas para a fama, ele deu vida a um médico que lida com um paciente racista. No adorável Adivinhe Quem Vem para Jantar (1967), Poitier interpreta o namorado de uma moça branca que o apresenta à família. Em sua primeira indicação ao Oscar, pelo filme Acorrentados (1958), o ator deu vida a um fugitivo que, algemado a outro fugitivo branco, precisa lidar com as diferenças para não serem capturados.
No papel que lhe deu o Oscar, em Uma Voz nas Sombras, Poitier emprestou todo seu carisma para Homer Smith, um pedreiro desempregado que, durante uma viagem, encontra em uma fazenda remota nos Estados Unidos um grupo de freiras germânicas que vê nele um enviado dos céus para construir uma igreja na região desértica. Já no aclamado No Calor da Noite, o ator dá vida a um detetive que precisa desvendar um caso em uma cidade habitada por racistas.
Outro paradigma quebrado por Poitier foi a ideia de que filmes protagonizados por negros não eram rentáveis. Em 1967, com No Calor da Noite, Adivinhe Quem Vem para Jantar e Ao Mestre, com Carinho, ele foi o ator que somou a maior bilheteria daquele ano.