Foram treze anos entre A Menina que Roubava Livros e O Construtor de Pontes. Por que demorou tanto a escrever um livro novo? Nunca pensei que A Menina que Roubava Livros poderia ser um sucesso. Na verdade, ainda fico intrigado com isso. Acho que levei treze anos entre um e outro porque estava tentando escrever melhor do que realmente escrevo. Tentei vencer uma competição particular e fazer um livro melhor que A Menina… Sou ambicioso.
A Morte é um personagem de A Menina…, e, embora não seja tão personalizada, também é central no novo livro. Por quê? Tenho fascínio pela ideia de que a morte dá valor à vida. A morte nos impele, de alguma maneira, a refletir sobre o sentido do que vivemos. É comum pensarmos que temos vidas ordinárias e desinteressantes. Mas carregamos em nós as histórias de pessoas que já morreram. Começamos a ser lapidados por esse passado familiar já antes de nascermos. Por isso gosto de escrever sobre famílias e suas jornadas. O que eu faço são, digamos assim, épicos do subúrbio.
Sua mãe é alemã e seu pai, austríaco. Como foi crescer em um lar de imigrantes na Austrália? Filho de estrangeiros, eu era um pouco diferente das outras crianças, e algumas pessoas faziam questão de apontar essas diferenças. Minha mulher também é uma refugiada. Ela tinha 6 anos quando a família se mudou do Leste Europeu para a Austrália. As histórias sobre o nazismo contadas pelos meus pais influenciaram A Menina que Roubava Livros, enquanto a minha mulher inspirou a mãe do meu novo livro, que deixa a Europa Oriental durante o avanço do comunismo. São essas boas histórias que me levam a escrever. A Menina…, por exemplo, não nasceu para ser um livro antinazista: nasceu para contar histórias incríveis que ouvi de pessoas que passaram por aquele terrível período.
A adaptação de A Menina… para o cinema fez mais de 70 milhões de dólares de bilheteria. Espera ver O Construtor de Pontes transformado em filme também? Por enquanto, só estou feliz de O Construtor de Pontes ter saído. Não crio expectativas de que minhas tramas sejam levadas para o cinema ou para a TV. Já penso nos meus próximos projetos. Tenho uma ideia de outro livro de ficção e de um de não ficção. Vamos ver qual deles vê a luz do dia primeiro.
Publicado em VEJA de 29 de maio de 2019, edição nº 2636
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