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Margaret Atwood: ‘movimento #Metoo é sintoma de Justiça falida’

Escritora mostra preocupação com os riscos de uma justiça rápida e popular e da ideia de que alguém ‘é culpado, porque é acusado’

Por AFP Atualizado em 15 jan 2018, 22h02 - Publicado em 15 jan 2018, 21h32
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  • A escritora canadense Margaret Atwood causou polêmica neste fim de semana, após a publicação no sábado de um artigo seu, afirmando que o movimento contra assédio sexual #Metoo reflete uma Justiça que não funciona. “O movimento #Metoo é sintoma de um sistema judiciário falido”, escreveu ela na coluna intitulada “Sou uma má feminista?”, publicada no jornal Globe and Mail.

    “Com muita frequência, mulheres e outras vítimas de abuso sexual não conseguem obter uma audiência justa das instituições, incluindo as empresas, motivo pelo qual usam uma nova ferramenta: a internet”, continua. O movimento #Metoo começou depois da revelação dos casos de assédio envolvendo o produtor Harvey Weinstein – muitas mulheres começaram a usar a hashtag (que significa “eu também”) nas redes sociais para dizer que também haviam sido vítimas de abusos.

    Referindo-se às atrizes que denunciaram os abusos do produtor de Hollywood Harvey Weinstein, a romancista de 78 anos fala de “estrelas caídas do céu”. Ela também cita episódios históricos para denunciar os riscos de uma justiça rápida e popular. A ideia de que alguém “é culpado, porque é acusado” foi aplicada durante “a Revolução Francesa, os expurgos do stalinismo na URSS, o período da Guarda Vermelha na China, a ditadura argentina, ou os primeiros dias da Revolução Iraniana”.

    “A sentença sem julgamento é o começo da resposta à falta de Justiça. Ou o sistema está corrupto, como na França pré-revolucionária, ou simplesmente não há um, como no Faroeste. Então, as pessoas fazem justiça com as próprias mãos”, escreveu.

    As reações não demoraram, muitas delas contrárias ao texto de Atwood, autora de O Conto da Aia, cuja adaptação para o seriado The Handmaid’s Tale ganhou vários prêmios no Emmy e no Globo de Ouro. O romance descreve o futuro apocalíptico de uma sociedade que transforma mulheres férteis em escravas sexuais.

    “Acho O Conto da Aia um dos livros mais importantes que já li na vida, mas cada vez que a Margaret Atwood resolve escrever sobre feminismo, eu reviro os olhos fortemente”, escreveu uma pessoa. “O tempo que Margaret Atwood criticava o #metoo pela falta de substância poderia ser gasto apoiando publicamente o #timesup, que tem ações mais concretas e um fundo de ajuda às vítimas justamente o suporte que ela tanto reclamou que a falta levaria à carnificina”, disse outra.

     

     

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