O ator Lázaro Ramos, conhecido por sua firme posição a favor da igualdade racial, fez uma publicação no Instagram no início da madrugada desta sexta-feira, na esteira do escândalo que levou ao afastamento do jornalista William Waack da bancada do Jornal da Globo. Em vídeo vazado por dois integrantes do movimento negro, um deles um ex-cinegrafista da Globo que teria testemunhado a cena ao vivo, por meio de um televisor na rede interna da emissora, Waack reclama de uma buzina da rua que ressoa no estúdio e diz, em tom de piada, “É coisa de preto”.
É exatamente com essa frase, que desconstrói com ajuda de um texto de Johnatan Oliveira Raimundo, que Lázaro Ramos inicia o post, que termina de forma taxativa e com uma colocação de próprio punho: “Racismo é crime e ponto final”.
“Coisa de Preto é a bruxaria contida num conto de Machado de Assis. Um samba escrito pela caneta de Mauro Diniz. Coisa de preto é a poesia de Cartola. Os dedos a bailar sobre o violão de Paulinho da Viola. Ah, só podia ser preto — Romário, Imperador, Ronaldinho. Responder ao racismo com Lamentos em forma de chorinho. Pixinguinha, preto rei, rei dessa coisa escura. Renato Gama autodidata senhor da soltura. Coisa de preto é manter-se grande diante de quem mata. É se precisar ameaçar com canhão pelo fim da chibata. Coisa de preto é viver com alegria”, diz o texto de Johnatan Oliveira Raimundo citado pelo astro da série Mister Brown.
“Inventar a matemática, arquitetura, medicina, agricultura e filosofia. Ser parte da primeira civilização. Ser senhor do Blues, do Samba, do Reggae, do Pop, Soul, do Jazz. É manter amor à Terra diante de um povo que a desdenha pelo céu. Coisa de preta é Jovelina partideira. Milton, Djavan, Tim, Alcione e Candeia. Veja a noite Yurugu, fique atento. É preta a senhora dona do vento. Veja, estejas pronto e ouvindo.” Jonathan Oliveira Raymundo. E eu completo aqui: é tudo isso é muito mais. E pra você, o que é? E só pra não esquecer: racismo é crime e ponto final.”