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Lauv: a melancolia pop do cantor juvenil americano

O americano se abre sobre sua depressão em belas canções que expõem o vazio da geração ultraconectada

Por Eduardo F. Filho
Atualizado em 4 jun 2024, 14h33 - Publicado em 13 mar 2020, 06h00
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  • “Eu tenho tentado encontrar um motivo para me levantar / Tentado encontrar uma razão para essas coisas / Solidão moderna, nunca estamos sozinhos / Mas sempre deprimidos.” Com esses versos, o americano Ari Staprans Leff — conhecido pelo nome artístico Lauv — resume o vazio que sentia ao ser diagnosticado com ansiedade, depressão e TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) no ano passado. “Passei um mês inteiro na cama, preso a pensamentos negativos e obsessivos. Minha ansiedade estava no auge. Era como se a vida estivesse prestes a implodir”, afirma o cantor. A doença quase levou Lauv a desistir da música. Mas ele fez de seu limão pessoal uma saborosa limonada para as massas: transformou os tormentos em matéria-prima de belas canções.

    Revelação do pop juvenil, o americano de 25 anos ganhou fama em 2015: o até então ilustre desconhecido da cena indie viu sua faixa The Other ficar entre as 100 músicas mais tocadas do ano no Spotify. Cinco anos depois, Lauv tem mais de 30 milhões de ouvintes mensais na plataforma e 900 milhões de visualizações no YouTube — além de canções escritas para um rol de artistas que inclui Demi Lovato, Céline Dion, Khalid e Backstreet Boys. Em seu álbum de estreia, How I’m Feeling, lançado neste mês, Lauv deixa de lado o jovem romântico de suas músicas iniciais e se impõe como exemplo raro de cantor masculino capaz de expor, com sinceridade, o desconforto da geração ultraconectada.

    Lauv aborda de maneira aberta a crise existencial que o acometeu no início de 2019, passando pelo término de um relacionamento com a cantora Julia Michaels e pela descoberta dos transtornos mentais. Mesclando um falsete melancólico e levadas eletrônicas dançantes, ele fez um dos discos de estreia mais promissores dos últimos tempos. “Eu me pergunto se esses sentimentos ruins explicam a prevalência da depressão e da ansiedade. O estereótipo masculino leva o homem a achar que é mais forte emocionalmente, e talvez essa seja uma das razões de tantos casos de suicídio na minha idade”, desabafa. No álbum, Lauv também critica a obsessão dos jovens por “likes de estranhos e amor na internet”. Em breve, o cantor trará sua melancolia pop pela primeira vez ao Brasil: ele será uma das atrações da próxima edição do festival Lollapalooza, programado para acontecer em São Paulo no começo de abril, mas adiado por causa do coronavírus.

    Publicado em VEJA de 18 de março de 2020, edição nº 2678

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