Não é de hoje que Kanye West, hoje chamado apenas de Ye, causa polêmicas nas redes sociais. Depois de apoiar Donald Trump, levantar bandeiras tidas como supremacistas e mergulhar de cabeça no fundamentalismo religioso, ele vocalizou nas últimas semanas um pesado discurso antissemita, atacando judeus nas redes sociais e até inspirando grupos neonazistas. Agora, a conta pela avalanche de controvérsias chegou ao bolso: depois de ter a parceria com a Adidas cancelada, a Forbes prevê que Kanye não integrará mais sua lista de bilionários.
Conhecida por elencar o ranking de super-ricos anualmente, a revista americana estima que a parceria de West com a Adidas pela marca de roupas e sapatos Yeezy estivesse na casa do 1,5 bilhão de dólares. Sem esse dinheiro, West – que integra a lista de bilionários desde 2020 – teria um patrimônio líquido de cerca de 400 milhões. O montante é proveniente de seu catálogo musical, imóveis, dinheiro e de uma participação de 5% na marca de roupas Skims, da ex-esposa Kim Kardashian.
A Adidas cortou os laços com West na terça-feira, 25, após sofrer pressões na Alemanha. Depois das declarações do rapper, o Conselho Central de Judeus divulgou um duro comunicado pedindo o encerramento da parceria com West, dizendo que “a responsabilidade histórica da Adidas está não apenas nas raízes alemãs da empresa, mas também em seu envolvimento com o regime nazista”, disse Josef Schuster, chefe do conselho. Ad Dassler, um dos fundadores da empresa, chegou a fazer parte do partido Nazista, e a fábrica da empresa foi obrigada a produzir munições no fim da guerra.
Entre as mensagens de cunho antissemita veiculadas no Twitter, West disse que iria aumentar seu estado de alerta em relação aos judeus para “death con 3” (em uma suposta referência ao “defcon 3”, um dos estágios de segurança mais altos dos EUA). Na sequência, o Instagram e o Twitter suspenderam a conta do músico de suas redes. Em um podcast, ele chegou a dizer que poderia fazer seus comentários antissemitas e a Adidas não faria nada sobre isso — já que a parceria com o rapper representa de 4 a 8% das vendas da marca.
Possíveis boicotes e o estrago na reputação por associar-se a Ye, no entanto, parecem ter pesado mais. E não apenas para a gigante alemã. Além da marca esportiva, a grife de luxo Balenciaga anunciou o fim do contrato com o rapper após ele ir a um desfile em Paris com uma camisa com os dizeres “White Lives Matter” (Vidas Brancas Importam, em inglês), slogan associado a grupos supremacistas brancos. Outra empresa que pulou fora do barco foi a Gap, com quem Ye esperava gerar mais de US$ 1 bilhão em vendas.