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Joss Whedon, a ascensão e queda do diretor superpoderoso da Marvel e da DC

Cineasta lançado ao estrelato por 'Os Vingadores' vê sua carreira ruir após acusações de comportamento abusivo feitas pelos atores de 'Liga da Justiça'

Por Amanda Capuano Atualizado em 11 Maio 2021, 19h25 - Publicado em 11 Maio 2021, 08h55
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  • Quando Joss Whedon assumiu a direção de Liga da Justiça, lançado em 2017, havia muita expectativa envolvida: o cineasta é o nome por trás de Os Vingadores (2012) e Os Vingadores: Era de Ultron (2015) que, juntos, renderam aos cofres da Marvel quase 3 bilhões de dólares. Com o sucesso na rival, a DC Comics viu em Whedon uma galinha dos ovos de ouro e colocou o diretor no lugar de Zack Snyder, que se afastou da direção do longa depois de uma tragédia familiar. Não demorou muito até que a promessa se revelasse uma estrela com síndrome de grandeza: uma série de acusações de comportamento abusivo no set do longa lançou seu prestígio na sarjeta.

    No desenrolar mais recente, Gal Gadot, a intérprete da Mulher-Maravilha, confirmou durante uma entrevista ao telejornal israelense N12, no domingo, 9, que o diretor ameaçou acabar com a sua carreira nas gravações de Liga“O que aconteceu entre o Joss e eu, basicamente, foi que ele me ameaçou e disse que se eu falasse algo sobre isso transformaria a minha carreira em algo miserável”, disse a atriz.

    As primeiras acusações, porém, não partiram dela, mas do colega de elenco Ray Fisher, que deu vida ao Ciborgue. Em junho do ano passado, o ator usou as redes sociais para falar sobre a postura abusiva do diretor durante as filmagens. “O tratamento de Whedon no set com o elenco e produção de Liga da Justiça era nojento, abusivo, não-profissional e completamente inaceitável”, declarou, acusando os produtores Geoff Johns e Jon Berg de serem coniventes com a situação.

    Pouco depois, no início de julho, o ator voltou a usar as redes sociais para criticar o cineasta novamente, e  foi surpreendido por uma cortina de fumaça: a Warner anunciou no mesmo dia um live-action de Frosty the Snowman com dublagem de Jason Momoa. O intérprete do Aquaman desmentiu a informação pelo Instagram, e apoiou o colega: “Eu acho ridículo que façam um anúncio falso de Frosty sem a minha permissão para distrair as pessoas das denúncias de Ray Fisher sobre a forma que fomos tratados em Liga da Justiça. Coisas sérias aconteceram.”, escreveu.

    Já os boatos de que Gal Gadot também teria sido vítima de Whedon surgiram depois de uma entrevista da atriz ao L.A Times em dezembro. “Eu não estava com os meninos quando eles filmaram com Joss Whedon, mas tive minha própria experiência com ele e não foi das melhores”, revelou ela, sem entrar em detalhes. No mesmo mês, a Warner Media concluiu um investigação interna e disse que “ações corretivas” foram tomadas, sem maiores detalhes — mas o diretor foi retirado da série The Nevers, que faria na HBO, semanas antes por supostamente não conseguir tocar a série durante a pandemia. 

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    A novela, porém, não acabou: em abril deste ano, uma extensa reportagem do The Hollywood Reporter revelou que as divergências entre Gal e Whedon teriam sido por causa de mudanças em sua personagem. “Joss estava se gabando de brigar com Gadot. Ele disse que ele é o escritor e que ela teria que calar a boca e dizer as falas, porque ele pode fazê-la parecer incrivelmente estúpida”, disse uma testemunha ao site. Na mesma reportagem, Fisher revela que o diretor mudou completamente o arco de seu personagem, cortando todo o background traumático e o protagonismo que ele teria na trama original, além de ignorar suas opiniões sobre a questão racial do personagem, o primeiro super-herói negro da DC no cinema.

    Liga da Justiça
    Cena do filme “Liga da Justiça”, dirigida por Whedon (Warner/Divulgação)

     “Era como se eles assumissem como pessoas negras deveriam reagir ao invés de ouvir o único negro – até onde eu sei – com algum impacto criativo no projeto”, contou ele sobre a relação com Whedon e os produtores

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    Além das polêmicas envolvidas, Liga da Justiça ainda foi um fiasco comercial: faturou apenas 658 milhões mundialmente, e teve uma aprovação ínfima de 40% no Rotten Tomatoes, creditada por muitos às mudanças feitas por Whedon no roteiro de Snyder. 

    Nascido em Nova York, em 23 junho de 1964, Whedon começou a carreira em sitcons, onde desenvolveu a veia cômica que seria marca registrada em seus filmes de super-herói. O sucesso de Vingadores foi tanto que ele serviu de consultor para toda a segunda fase do Universo Marvel, sendo creditado como um dos grandes responsáveis pelo sucesso do MCU nos cinemas. O relacionamento, porém, desandou depois de Vingadores: Era de Ultron (2015) por “divergências criativas” – segundo ele, os executivos queriam mais cenas de ação, enquanto ele preferia explorar a relação entre os personagens e questões psicológicas.

    Com o fim do casamento com a Marvel, Whedon viu na DC uma oportunidade de explorar a motivação de novos heróis, e fazer história também na rival de sua morada original. No fim das contas, o tombo foi grande: além de ficar marcado pelo fracasso comercial de Liga da Justiça, o diretor ainda escancarou para o mundo que as “divergências criativas” com a Marvel eram fruto de um comportamento inaceitável dentro e fora dos sets. Por hora, o cineasta não tem nenhum projeto novo na manga. E seu retorno aos sets parece pouco provável.

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