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Ivete brilha, Crivella falta e Salgueiro apresenta o diabo

Depois de mistério durante a semana, prefeito-bispo se ausenta e perde desfiles em homenagem à cantora baiana e ao inferno da "Divina Comédia"

Por Thiago Prado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 19h23 - Publicado em 27 fev 2017, 08h19
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  • O primeiro dia de desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro começou em baixo astral. A chuva e a tragédia que deixou oito pessoas feridas na apresentação da Paraíso do Tuiuti esfriaram os ânimos na Marquês de Sapucaí. Só com a presença da cantora Ivete Sangalo, tema do enredo da Grande Rio, é que as arquibancadas voltaram a se contagiar.

    Pela primeira vez desde 1984, o prefeito da cidade não prestigiou os desfiles no primeiro ano do seu mandato. Depois de fazer mistério durante toda a semana, Marcelo Crivella não apareceu na Avenida para assistir às escolas do Grupo Especial. Ele, que é bispo licenciado da igreja Universal, também já havia quebrado outro protocolo simbólico do Carnaval Carioca. Na sexta-feira, Crivella não entregou a chave da cidade para o Rei Momo.

    Abaixo o que o prefeito perdeu esta madrugada na Sapucaí:

    Paraíso do Tuiuti

    É duro abrir o desfile das escolas de samba no domingo de Carnaval. A tarefa é destinada à agremiação que estava no Grupo de Acesso no ano anterior – ou seja, uma forte candidata a cair novamente para a segunda divisão do samba.

    No caso da Paraíso do Tuiuti, um agravante: tudo o que a escola fez na Avenida acabou ofuscado pelo atropelamento provocado por um dos seus carros alegóricos. Oito pessoas ficaram feridas, uma delas em estado grave.

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    A escola da Zona Norte do Rio apresentou um enredo sobre o tropicalismo. O desfile foi até correto, mas o destino da Paraíso será a briga para não ser rebaixada.

    Grande Rio

    A homenagem da escola de Duque de Caxias para Ivete Sangalo era o momento mais esperado da noite de domingo – e a espera valeu a pena para os fãs da cantora. Ivete não se limitou a aparecer no carro alegórico que encerraria o desfile (prática comum de artistas temas de enredos na Sapucaí). Ela comandou a coreografia da comissão de frente, que contagiou a Avenida. Animada, a escola tinha na ponta da língua o samba de fácil assimilação do público (especialmente o refrão “Salve toda essa gente de fé, o tambor da invocada promete, Levanta a poeira, Ivete”).

    O desfile da Grande Rio aproveitou para contar um pouco da história da Bahia, terra natal de Ivete. Também fez referências a músicas da cantora e a sua participação em programas de TV como o The Voice Kids.

    O desfile foi bonito, mas deu a sensação de que pode ter faltado algo para arrebatar os jurados e pôr fim ao jejum de títulos da Grande Rio no carnaval carioca. Mas, verdade seja dita, foi a única escola a arrepiar a Avenida graças a Ivete.

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    Imperatriz

    Terceira a desfilar na noite, a Imperatriz Leopoldinense levou para a avenida o polêmico samba-enredo Xingu, o Clamor que vem da Floresta. O tema despertou a ira dos ruralistas desde o início de janeiro, quando foi anunciado. A ponto do senador Ronaldo Caiado propor uma CPI para apurar quem são os financiadores do desfile que busca “denegrir o agronegócio”.

    Na pista, a escola passou longe da polêmica. A ousadia ficou por conta de um carro alegórico inteiro com mulheres de seios de fora (sim, hoje isso é audacioso) e as paradinhas da bateria. Fora isso, a Imperatriz exibiu um punhado de alegorias que pareciam já ter passado pela Avenida nos últimos anos.

    O desfile provavelmente colocará a escola em um nível intermediário na classificação geral. Dependendo do desempenho dos adversários na segunda-feira, é possível até brigar por um lugar no Desfile das Campeãs.

    Vila Isabel

    Depois do título no Carnaval de 2013, a Vila Isabel coleciona desempenhos decepcionantes na Avenida. A tendência é que mantenha a performance este ano e fique mais uma vez de fora do desfile das campeãs. Uma pena para Martinho da Vila e Sabrina Sato, estrelas que mais uma vez abrilhantaram a Sapucaí com seu carisma.

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    A escola levou ao Sambódromo um enredo sobre a influência africana nas Américas, especialmente na música. Na última alegoria, uma recriação de Kizomba, o enredo de 1988 que sagrou a Vila campeã. Alguns carros tiveram problemas de acabamento, o que fatalmente gerará perda de pontos para a escola.

    Salgueiro

    Os fotógrafos da Sapucaí lamentaram a ausência de Marcelo Crivella. Imaginavam fazer imagens do prefeito ao lado de carros alegóricos com referência ao diabo (haviam três deste tipo no desfile do Salgueiro).

    A escola da zona Norte do Rio levou para a Avenida um enredo sobre a Divina Comédia de Dante Alighieri. Especialmente no início do desfile, o impacto visual dos carros e fantasias foi muito forte. Sem erros, o Salgueiro deverá brigar pelo título.

    Beija-flor

    A escola de Nilópolis irrita os rivais, mas o fato é: basta pisar na Avenida para vestir o manto do favoritismo. Não foi diferente no primeiro dia de desfiles. Com alegorias exuberantes, a Beija-flor fechou com chave de ouro o início da manhã de segunda-feira.

    A grande novidade da Beija-Flor foi o fim do conceito de alas em alguns trechos do desfile. Integrantes com várias fantasias de cores diferentes integravam o mesmo grupo na Avenida.

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