Depois de assustar recentemente seus fãs com a notícia de que estava tratando um câncer no pulmão, a cantora Rita Lee, de 73 anos, brindou-os nesta sexta-feira, 24, com uma sequência de belas novidades. A primeira, e mais importante delas: o tratamento contra a doença está surtindo efeito e ela segue lúcida e trabalhando. E o resultado desse trabalho pode ser visto a partir de hoje, no MIS (Museu da Imagem e do Som), que inaugurou a Samsung Rock Exhibition – Rita Lee, para celebrar seus 50 anos de carreira, com curadoria de seu filho, João Lee, direção artística de Guilherme Samora e cenografia de Chico Spinosa. Na segunda-feira, 27, mais uma surpresa: Rita lançará a música inédita Change, composta em parceria com o marido Roberto de Carvalho e com produção do DJ Gui Boratto.
A exposição em homenagem aos 50 anos de Rita Lee conta com centenas de itens distribuídos em 18 núcleos, mas um “detalhe” poderá passar despercebido pelos visitantes afoitos. Sem nenhuma indicação, em uma das paredes do MIS foi exposta uma folha dos diários de Rita, que estava escondido em um baú e foi resgatado por Guilherme Samora. A folha contém um poema inédito feito em homenagem a Elis Regina, no dia que a cantora morreu (19 de janeiro de 1982). Vale lembrar que durante a ditadura, quando Rita Lee esteve presa, Elis Regina foi a única artista a visitá-la no cárcere.
“É uma exposição de verdade. Não tem objetos fakes”, disse Samora à VEJA. “Temos 40 manequins com figurinos originais da Rita. Como as roupas dela não entravam em manequins comuns, nós mandamos fazer todos eles, com o rosto e perucas idênticas ao cabelo de Rita em cada época. Só para você ter uma ideia, ficamos quatro dias fazendo os cortes de cabelo”, diz Samora.
“Sou dessas acumuladoras que não jogam fora nem papel de embrulho e barbante. Vou adorar abrir meu baú e dividir as histórias que as traquitanas contam com quem for visitar. Tenho recebido ajuda de uma turma da pesada: o grand maestro da cenografia é do meu querido Chico Spinosa, meu figurinista e carnavalesco da Vai-Vai; a direção é do meu multitalentoso Guilherme Samora e a curadoria é do meu filho João”, contou Rita em comunicado oficial.
Para Samora, a maior dificuldade foi decidir o que ficaria de fora, dada a quantidade de material à disposição. A mostra apresenta a cantora como se estivesse chegando ao planeta terra em um disco voador. As divisões das salas, feitas por temas, contam uma história de vida de Rita. “O vestido de noiva que Leila Diniz usou e a bota prateada da Biba, eu dou valor. E ambos são produtos de roubo”, contou Rita, ao lembrar do vestido que nunca devolveu e das botas que vestiu e saiu andando da butique Biba, em Londres, em 1973. “É muito emocionante. Tem uma parte dessa história que vivi com ela e outra que não estava aqui ainda. Então, ver essas roupas, esses momentos ganharem vida, é muito emocionante”, contou o filho João.
O casamento de longa data com o músico Roberto de Carvalho também está presente, bem como os tempos de ditadura e da sua prisão. Em diversos trechos, os visitantes poderão ouvir a própria Rita explicando sobre as peças ao escanear um QRCode. “Rita é especial. Grande estrela desse universo. Uma mulher cheia de luz e de camadas. Ela representa a liberdade, o colorido, o amor. E é justamente isso que queremos passar na exposição”, disse Samora.
Para celebrar a exposição, Rita lança na segunda-feira a música Changes. A faixa foi composta em janeiro e tem uma pegada eletrônica, mixada pelo DJ Gui Boratto, que deu a ela ares oitentistas, na linha Depeche Mode. O single tem letra em inglês e refrão em francês. Em breve, a cantora deverá lançar ainda um novo documentário, um filme e também uma série de TV.
Confira com exclusividade o poema de Rita Lee em homenagem a Elis:
Elis
Você rima com feliz
Quem fica por aqui
Morre de medo de viver
E vive com medo de morrer
Elis
Você é que está feliz
Cantando pelos 4 cantos
Servindo de instrumento
Pra fazer a festa no céu
Agora