Em seu mais recente livro lançado no Brasil, o escritor francês Daniel Pennac, celebrado mundo afora por títulos como Diário de Escola e Como um Romance, apresenta um narrador que olha para a sua história de vida de uma maneira diferente. Diário de um Corpo (tradução de Bernardo Ajzenberg, Rocco, 336 páginas, 49,50 reais), como o nome dá a entender, retrata a trajetória de uma pessoa pelos prazeres e agruras pelos quais seu corpo passou.
O primeiro episódio lembrado no livro se passa quando o narrador tem entre 12 e 13 anos e, durante um acampamento, é amarrado por seus amigos em uma floresta, tendo de enfrentar o perigo de ser devorado por uma colônia de formigas. Da adolescência com cabelo ensebado e rosto cheio de espinhas à velhice, quando vê sua saúde se deteriorar até ser diagnosticado com um câncer e morrer, o corpo do narrador vai sentindo o peso dos anos.
A história de um corpo tem final conhecido e inevitável: em algum momento, ele vai parar de funcionar, simplesmente. Mas é a jornada de Pennac apresenta em seu romance que tem sabor de novidade – ela mostra, com bom humor e sensibilidade, como corpo e alma estão irremediavelmente unidos e como um influencia o outro. Afinal, o próprio corpo é a única coisa que, com certeza, vai acompanhar alguém até o fim de sua vida.