Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Hollywood na berlinda: o que está em jogo na greve que parou a indústria

O aprofundamento da paralisação dos atores e roteiristas americanos expõe impacto da revolução do streaming e da inteligência artificial

Por Thiago Gelli Atualizado em 4 jun 2024, 10h06 - Publicado em 8 set 2023, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Considerado um aquecimento para os grandes lançamentos do Oscar em solo europeu, o Festival de Veneza deu largada à sua agenda de estreias no último dia 30 sob um clima melancólico. Um elemento-chave, afinal, estava faltando: a procissão de astros ostentando modelos de grife no famoso tapete vermelho do Lido veneziano. Os gatos-pingados do mundo das celebridades que deram as caras (em sua maioria, do cinema europeu ou indie) exibiam adereços e atitudes que explicavam a causa de tamanho ocaso: broches, camisetas e discursos apoiavam a paralisação dos atores e roteiristas americanos.

    A greve que atinge os estúdios de Hollywood desde maio, quando os roteiristas resolveram cruzar os braços, ganhou impulso dramático algumas semanas depois, com a adesão do Sindicato dos Atores de Cinema, Televisão e Rádio (SAG-AFTRA) — que decidiu parar com mais de 97% de aprovação interna, interrompendo em 20 de julho tanto a produção de novas obras quanto a divulgação das já concluídas. As duas categorias resolveram que só vão fechar acordos com os estúdios de forma conjunta — até o fechamento desta edição, as negociações não esboçavam nenhum avanço concreto.

    Hollywood: The Oral History

    A perspectiva de que o movimento se arraste até o fim do ano tira o sono da indústria do entretenimento, tanto que grandes investidores nas produções de Hollywood lançaram recentemente um alerta implorando que as partes se entendam — até agora, em vão. Do ponto de vista do público, a greve já provoca uma reação em cadeia (leia abaixo). Superproduções previstas para estrear no segundo semestre são adiadas em série — a vítima mais recente foi Duna 2, transferido de novembro para o começo de 2024. Mais sutil para a plateia, mas fatal para produtores e estúdios, é a parada na divulgação dos lançamentos. É com o investimento multimilionário nos holofotes que se fazem sucessos globais como Barbie. A importância econômica dessas campanhas é tão notável que até o mercado da moda sofre, pois a exposição milionária de roupas de grife pelas estrelas nos tapetes vermelhos fica comprometida.

    Qualquer que seja o desenlace, a greve já expôs um dado eloquente: o advento de novos hábitos de consumo provocou uma revolução na estrutura industrial de Hollywood, atingindo em cheio as relações trabalhistas. Entre os motivos da paralisação está o fim da renda que atores obtinham com reprises televisivas. No streaming, eles recebem pagamentos esparsos e não acessam dados de audiência. Segundo o sindicato, os produtores chegaram a propor pagar uma única diária para escanear a aparência de figurantes e reproduzi-los digitalmente pelo resto da eternidade. Eis, aliás, outro fantasma que nutre a revolta: atores e roteiristas exigem garantias contra o uso futuro de seu trabalho por meio da inteligência artificial — e temem até que ela substitua os humanos na tela.

    Cenas de uma Revolução – o Nascimento da Nova Hollywood

    Continua após a publicidade

    Há, ainda, reivindicações mais previsíveis que pretendem abalar velhas tradições. A mais notória são os grandes salários de astros e executivos. Para não ficar mal com a massa que vive de diárias em pontas de produções, a elite do ramo — de Meryl Streep a Kevin Bacon e Marisa Tomei — foi para as ruas protestar com os grevistas. Ator mais bem pago de 2022, com ganhos de 270 milhões de dólares, o fortão Dwayne Johnson, o The Rock, não se furtou à luta: fez uma doação milionária ao sindicato. Se Hollywood está em guerra, melhor não se arriscar.

    REAÇÃO EM CADEIA

    Barbie
    ‘Barbie’ (Nina Prommer/EPA/EFE)

    Tapete vermelho
    Suspensos na greve, os eventos de lançamento são vitais: filmes como Barbie só se tornam fenômenos graças ao marketing — até a indústria da moda depende dessas vitrines

    The Rock
    The Rock (./Getty Images)
    Continua após a publicidade

    Altos salários
    Ganhos colossais de astros e executivos são questionados, do CEO da Disney, Bob Iger (27 milhões de dólares anuais), a The Rock, o ator mais bem pago de 2022 (270 milhões de dólares)

    Duna 2
    ‘Duna 2’ (Niko Tavernise/.)

    Superproduções
    A paralisação ameaça fazer terra arrasada do segundo semestre de 2023: blockbusters como Duna 2 já foram adiados e outros devem se somar às baixas

    Publicado em VEJA de 8 de setembro de 2023, edição nº 2858

    Continua após a publicidade

    CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

    Hollywood na berlinda: o que está em jogo na greve que parou a indústriaHollywood na berlinda: o que está em jogo na greve que parou a indústria
    Hollywood: The Oral History
    Hollywood na berlinda: o que está em jogo na greve que parou a indústriaHollywood na berlinda: o que está em jogo na greve que parou a indústria
    Continua após a publicidade

    Cenas de uma Revolução – o Nascimento da Nova Hollywood

    logo-veja-amazon-loja

    *A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.