As premiações de cinema se tornaram palco favorito para um bom discurso político. A falta de negros entre os indicados do Oscar pautou a cerimônia do ano passado da Academia de Hollywood, enquanto vencedores aproveitaram seus minutos ao microfone para clamar por direitos de minorias, espinafrar a diferença de salário entre gêneros, e derramar lágrimas sobre a crise dos refugiados. Após uma campanha eleitoral exaustiva, que culminou na vitória do controverso Donald Trump, era de se esperar que os prêmios de 2017 se tornassem uma espécie de palanques alternativos para protestos e indignações. Porém, no que diz respeito aos favoritos dessa temporada de premiação, o escapismo e o lúdico devem tomar o centro dos holofotes.
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O Globo de Ouro, que acontece neste domingo, às 22h no Brasil, corroborou essa linha leve, paz e amor, entre seus indicados. Ganhou espaço até mesmo o herói Deadpool e seu protagonista Ryan Reynolds, que está bem cotado para levar o prêmio de ator de comédia, enquanto a produção concorre na categoria de melhor filme cômico ou musical.
O longa controverso da Marvel, contudo, corre por fora, em uma categoria que dificilmente não premiará o comentado La La Land. O musical estrelado por Emma Stone e Ryan Gosling tem colecionado troféus e é tido como o favorito até para o prêmio principal do Oscar.
Dirigido por Damien Chazelle (Whiplash), o romance colorido narra a história de um pianista de jazz e uma aspirante a atriz batalhando em Hollywood. Ao prestar uma homenagem aos antigos musicais do cinema americano, o longa conquistou sete indicações no total, e pode levar, além de melhor filme cômico, os prêmios de atriz de comédia, para Emma, canção e trilha sonora original, e, com sorte, melhor diretor. A produção chega aos cinemas no Brasil em sessões de pré-estreia no dia 12 de janeiro, e no circuito nacional no dia 19.
Concorrem com La La Land e Deadpool na categoria de filme cômico 20th Century Women; Florence: Quem É Essa Mulher?; e Sing Street.
Dramas
Entre os dramas, o clima também desvia de temáticas políticas. Os favoritos ao prêmio são o filme Manchester À Beira-Mar, um belo retrato sobre o luto familiar, feito pelo cineasta Kenneth Lonergan, e Moonlight: Sob a Luz do Luar, uma ode ao rito de passagem de um jovem negro.
O protagonista de Manchester, Casey Affleck, é o mais cotado para levar o prêmio na categoria de ator dramático, enquanto Mahershala Ali, de Moonlight, tem a torcida para ser o vencedor como ator coadjuvante.
Os longas concorrem com o drama de guerra Até o Último Homem, o faroeste moderno A Qualquer Custo; e a trama real de um jovem indiano que se perde da família e é adotado por australianos Lion.
Já a previsão para a categoria de atriz dramática é difícil de ser feita. A concorrência apertada está entre Amy Adams, por A Chegada; Jessica Chastain, de Miss Sloane; Isabelle Huppert, por Elle; Ruth Negga, por Loving; e Natalie Portman, por Jackie. Natalie na pele de Jacqueline Kennedy, logo após a perda do marido, é apontada como uma forte concorrente, porém, a primorosa atuação da francesa Isabelle também tem grandes chances de sair premiada.
Enquanto isso, no palco da cerimônia, o humorista e apresentador da festa Jimmy Fallon seria o principal encarregado de trazer à tona temas amargos e polêmicos. Ele já prometeu piadas com Trump. Mas, conhecendo o teor de eterna camaradagem do apresentador com cara de bobo, o Globo de Ouro deve trocar a acidez de premiações de outrora para abraçar o momento de fuga da dura realidade.
A premiação será exibida no Brasil pelo canal TNT a partir de 22h. O site de VEJA fará comentários ao vivo desde o tapete vermelho, às 20h.