Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Fotografias dão dimensão à ostentação das estações de metrô soviéticas

Um belo volume revela como as suntuosas construções serviram à proposta de mostrar ao mundo a força do comunismo

Por Amanda Capuano Atualizado em 4 jun 2024, 13h20 - Publicado em 14 nov 2021, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • CIÊNCIA - Na Rússia: teto emula colmeia em homenagem a botânicos -
    CIÊNCIA - Na Rússia: teto emula colmeia em homenagem a botânicos - (Frank Herfort/.)

    Quando o metrô de Moscou começou a ser construído, em 1931, a pioneira Londres já tinha trens subterrâneos há quase setenta anos. Como não podiam ser os primeiros — uma obsessão da URSS —, cabia aos soviéticos pôr de pé o sistema mais majestoso já visto, escancarando para o mundo a força e o desenvolvimento da potência socialista. Assim, tomaram como inspiração a luxuosa arquitetura dos antigos czares, dando ao transporte público o epíteto de “Palácio do Povo”. Sustentadas por colunas de mármore e com lustres de cristais pendendo do teto, as elaboradas estações se espalharam por toda a União Soviética. Elas ganharam agora um retrato definitivo pelo olhar do fotógrafo alemão Frank Herfort, que há dez anos reside em Moscou. Ele retratou 770 estações espalhadas por Rússia, Uzbequistão, Belarus, Ucrânia, Azerbaijão, Geórgia, Republica Checa e Hungria, entre 2014 e 2020. O resultado está reunido no livro recém-lançado na Europa Cccp Underground: Metro Stations of the Soviet Era (URSS subterrânea: as estações de metrô da era soviética, em português), ainda sem tradução no Brasil. “Tive uma infância de influência soviética na Alemanha Oriental e sempre me interessei por esse mundo que desapareceu com a queda do muro de Berlim”, contou ele a VEJA.

    LUXO AO POVO - No Uzbequistão: fábricas criadas para fazer lustres -
    LUXO AO POVO – No Uzbequistão: fábricas criadas para fazer lustres – (Frank Herfort/.)

    Cccp Underground: Metro Stations of the Soviet Era

    O principal representante de tamanha ostentação é o metrô de Moscou. Inaugurada em 1935, a malha de 412 quilômetros conta com 241 estações — sendo 44 delas patrimônio cultural do país. Revestidas de materiais nobres, como mármore e granito, com tetos que vão do abobadado ao futurístico, e mosaicos artesanais, as estações serviram de instrumento político de Josef Stalin (1878-1953) para propagar seu discurso anticapitalista. “Antes da Revolução Russa, os palácios eram ambien­tes restritos à aristocracia. A ideia do metrô era tornar grandioso um lugar onde as pessoas frequentam cotidianamente”, explica o historiador Rodrigo Ianhez, radicado na Rússia há dez anos. Assim, as estruturas mais pomposas datam do período stalinista, como a Komso­molskaya, batizada em homenagem aos Komsomol, juventude comunista que participou de sua construção — o que até hoje levanta questões sobre o uso de mão de obra escrava disfarçada de ato patriótico. A estação de teto amarelo e ornamentos barrocos é a mais movimentada do sistema, que recebe 9 milhões de pessoas por dia.

    O último império: Os últimos dias da União Soviética

    Continua após a publicidade
    ABUSO - Em Moscou: juventude trabalhou de graça a serviço do partido -
    ABUSO - Em Moscou: juventude trabalhou de graça a serviço do partido – (Frank Herfort/.)
    CONQUISTAS - Em Belarus: detalhe de mosaico do espaço -
    CONQUISTAS - Em Belarus: detalhe de mosaico do espaço – (Frank Herfort/.)

    Ascensão e queda do comunismo

    Item obrigatório nas paradas, os lustres imponentes, que vão do bronze ao cristal, receberam atenção especial do governo soviético, que via na iluminação uma forma de aliar avanço tecnológico e beleza. “Eles construíram uma fábrica dessas peças só para atender ao metrô”, conta Ianhez. Nos anos 90, com a queda do regime, os exageros deram lugar à praticidade, com azulejos em vez de mármore em alguns locais. A partir da era do presidente Vladimir Putin, no entanto, retomou-se o apreço pelo luxo “para todos”. Não por acaso, essas estruturas majestosas se tornaram atrações turísticas e cenário para selfies — as estações possuem até indicações no chão que sugerem os melhores ângulos para fazer uma foto. Evidentemente, Herfort não precisou desse tipo de dica para retratar os palácios subterrâneos do comunismo.

    Continua após a publicidade

    Publicado em VEJA de 17 de novembro de 2021, edição nº 2764

    CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

    Fotografias dão dimensão à ostentação das estações de metrô soviéticasFotografias dão dimensão à ostentação das estações de metrô soviéticas
    Cccp Underground: Metro Stations of the Soviet Era
    Fotografias dão dimensão à ostentação das estações de metrô soviéticasFotografias dão dimensão à ostentação das estações de metrô soviéticas
    O último império: Os últimos dias da União Soviética
    Fotografias dão dimensão à ostentação das estações de metrô soviéticasFotografias dão dimensão à ostentação das estações de metrô soviéticas
    Ascensão e queda do comunismo
    logo-veja-amazon-loja

    *A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    3 meses por 12,00
    (equivalente a 4,00/mês)

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.