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Filme sobre comunidade indígena brasileira é premiado em Cannes

Equipe de 'Chuva e Cantoria na Aldeia dos Mortos' chamou atenção na quarta-feira, quando fez um protesto para denunciar o genocídio indígena no Brasil

Por AFP 18 Maio 2018, 15h11
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  • O filme Chuva e Cantoria na Aldeia dos Mortos, sobre os indígenas brasileiros da etnia Krahô, conquistou nesta sexta-feira o Prêmio do Júri da mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes. O longa chamou atenção na quarta-feira, quando o elenco fez um protesto para denunciar o genocídio indígena no Brasil no tapete vermelho do evento.

    A cineasta brasileira Renée Nader Messora e o português João Salaviza e os protagonistas do filme, Ihjac Kraho e Koto Kraho, desfilaram de preto com cartazes vermelhos: “Parem o genocídio dos povos indígenas” e “Pela demarcação das terras dos povos indígenas”. O protesto ecoou a atual mobilização de líderes indígenas no Brasil, que acusam o governo de Michel Temer de se recusar a demarcar as terras para devolvê-las a seus donos originais e de favorecer os empresários agrários.

    Elenco e produção do filme 'Chuva e Cantoria na Aldeia dos Mortos' levantam cartazes em protesto ao genocídio indígena e pela demarcação de terras no Tapete Vermelho do 71º Festival de Cannes, na França - 16/05/2018
    Elenco e produção do filme ‘Chuva e Cantoria na Aldeia dos Mortos’ levantam cartazes em protesto ao genocídio indígena e pela demarcação de terras no Tapete Vermelho do 71º Festival de Cannes, na França – 16/05/2018 (Jean-Paul Pelissier/Reuters)

    Renée e Salaviza gravaram o filme durante nove meses, depois de terem passado longas temporadas com a comunidade de 3.500 pessoas, no estado do Tocantins. No longa, os membros da comunidade interpretam eles mesmos e falam em seu próprio idioma.

    A cineasta levantou o punho ao receber o prêmio entregue por Benicio del Toro – presidente do júri desta seção paralela do Festival -, enquanto Salaviza reivindicou “Demarcação já”, aludindo às terras indígenas.

    No filme, a resistência de um jovem Krahô a se tornar xamã após a morte de seu pai – que o leva a partir temporariamente para a cidade – serve como argumento e pretexto para mostrar o dia a dia destes indígenas, suas tradições e cerimônias. “Os Krahô são responsáveis por seu próprio bioma, mas estão ameaçados, principalmente pela monocultura de soja e cana e pela pecuária”, explicou Nader Messora.

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