O escritor chileno Luis Sepúlveda, forçado ao exílio durante a ditadura de Augusto Pinochet, morreu na Espanha, aos 70 anos, depois de passar um mês e meio hospitalizado pelo novo coronavírus, informou a editora Tusquets. Escritor latino-americano de grande sucesso, autor de vinte romances, livros de crônicas e contos para crianças, com destaque para O Velho que Lia Romances de Amor, Sepúlveda estava internado em um hospital de Oviedo. “O escritor Luis Sepúlveda faleceu em Oviedo (norte da Espanha). A equipe da Tusquets Editores lamenta profundamente sua perda”, afirmou o grupo editorial espanhol em um comunicado.
O autor estava internado desde o fim de fevereiro no Hospital Universitário Central das Astúrias, na região norte da Espanha, onde morava. Ele apresentou resultado positivo para o novo coronavírus depois de retornar de um festival no norte de Portugal. De acordo com a imprensa local, em 10 de março, Sepúlveda estava em estado crítico e, desde então, a família não divulgou mais informações.
“Os profissionais da saúde fizeram tudo para salvar sua vida, mas não superou a doença. Meus emocionados pêsames para a mulher e a família”, escreveu no Twitter o presidente regional das Astúrias, Adrián Barbón.
Nascido em outubro de 1949 em Ovalla, em Santiago, Sepúlveda militou na juventude comunista e depois no Partido Socialista, o que provocou sua detenção em 1973, depois do golpe de Estado liderado por Augusto Pinochet contra o governo de Salvador Allende. Sepúlveda passou dois anos preso e depois foi colocado em prisão domiciliar. Conseguiu escapar e passou quase um ano na clandestinidade, até uma nova detenção e seu envio para o exílio em 1977, um período refletido em obras como A Loucura de Pinochet (2003) ou A Sombra do que Fomos (2009).
Sepúlveda alcançou um melhor reconhecimento no exterior do que no Chile, seu país natal para o qual nunca quis voltar. “Há contas pendentes com o país, contas que não significam que precisamos de alguma reparação ou algo assim, e sim os amigos que nos faltam”, disse Sepúlveda em uma entrevista em novembro de 2014 à rádio da Universidade do Chile.
“No exílio você também vai estabelecendo um universo emocional. Funda ou aumenta sua família e não pode desarraigar seus filhos, não pode condená-los ao mesmo desenraizamento que sentiu quando teve que sair”, completou o escritor, que só recuperou em 2017 a nacionalidade chilena.
Ele deveria iniciar o exílio na Suécia, mas fez escalas na Argentina, Uruguai, Brasil, Paraguai, Bolívia, Peru e Equador. Depois de uma passagem pela Nicarágua, onde integrou as brigadas sandinistas, emigrou para a Alemanha, onde morou por 14 anos. Nesta país casou com sua segunda esposa, Margarita Seven, e foi correspondente do Greenpeace.
Depois da separação da segunda esposa, se mudou para Paris e depois foi para a cidade espanhola de Gijón, onde fixou residência e reencontrou a primeira mulher, a poeta chilena Carmen Yáñez.
(Com agência France-Presse)