Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

‘Entre Irmãs’: a força feminina do sertão à cidade

Ótimas atuações de Marjorie Estiano e Nanda Costa se destacam no longa de Breno Silveira; confira uma entrevista com o diretor

Por Mariana Oliveira
Atualizado em 12 out 2017, 08h10 - Publicado em 12 out 2017, 08h10
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Emília (Marjorie Estiano) e Luzia (Nanda Costa) são costureiras da cidade de Taquaritinga do Norte, no agreste pernambucano, em 1930. O oficio foi ensinado pela tia Sofia (Cyria Coentro), que as criou. Como é praxe na irmandade, cada menina tem uma personalidade diferente. Enquanto Emília pensa em conhecer o mundo para além das terras batidas do sertão, Luzia, que tem uma pequena deficiência no braço, só quer ter a sorte de não perder a irmã. Em um ato de desespero, ela acaba entrando para um bando de cangaceiros liderado por Carcará (Julio Machado).

    A história de Entre Irmãs, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, é regada pela força feminina. Da aridez do sertão às pontes de uma Recife moderna, são as mulheres que demonstram coragem e inteligência, em uma trama inspirada no livro A Costureira e o Cangaceiro, da pesquisadora Frances de Pontes Peebles, recifense radicada nos Estados Unidos.

     

    O filme, dirigido por Breno Silveira (o mesmo de 2 Filhos de Francisco), também dialoga com o momento de recrudescimento do conservadorismo, ao falar sobre homoafetividade, tema encabeçado pelo personagem Degas (Rômulo Estrela). Completam o elenco principal Letícia Colin (Lindalva), Gabriel Stauffer (Felipe), Cláudio Jaborandy (Dr. Duarte), Ângelo Antônio (Dr. Eronildes), Fábio Lago (Orelha) e Rita Assemany (D. Dulce).

    Breno falou a VEJA sobre seu novo longa-metragem:

    Continua após a publicidade

    Qual a sua relação com o interior do país? Eu sou um cara apaixonado pelo Brasil, apesar de a gente estar vivendo a pior fase dele. Foi lindo rodar esse filme porque, quando eu fui para o interior e fiquei longe das notícias, vi o quanto o brasileiro é bom, como ele é bonito, como ele sonha, e o quanto ele faz. Isso se reflete no filme e na posição dos atores. A gente tem um país lindo com histórias maravilhosas como essa de trajetórias que a gente nem imagina. Apesar de ser uma ficção, a autora do livro, Frances, teve uma base forte porque ela conhece o sertão.

    Quando eu fui para o interior e fiquei longe das notícias, vi o quanto o brasileiro é bom, como ele é bonito, como ele sonha, e o quanto ele faz

    Breno Silveira

    Quando você diz que estamos vivendo a pior fase do Brasil, ao que se refere? Eu estou falando da desilusão que a gente encontra com o nosso próprio “ser Brasil”. O brasileiro está tão desiludido, tão desacreditado com toda essa confusão política. É muito mais do que isso, é uma confusão ética. Então, quando a gente começa a procurar o que temos de raiz, que é bonito, a gente dá em coisas como essas que são lindas, são sentimentos verdadeiros.

    Continua após a publicidade

    Por que Nanda e Marjorie? Eu sempre acho que o destino encaminha a gente. Eu não pensei nelas em princípio, mas sempre procuro um ator que tenha a alma da personagem que a gente está criando. A Patrícia Andrade, que é minha roteirista, tinha dito ‘Olha, a Nanda é muito parecida com a Luzia’ e já havíamos feito Gonzaga juntos. E a Marjorie veio como uma surpresa maravilhosa. Que atuação! É muito bonito estar finalmente tratando de trajetórias femininas. Porque o filme fala sobre o empoderamento feminino naquela época. De como duas mulheres conseguem vencer em um mundo extremamente machista e alcançar seus sonhos. O filme vai falar disso, principalmente, e também do laço familiar.

    As duas buscam a liberdade, assim como as mulheres continuam buscando ainda hoje. Apesar dessa história ter quase um século, mudou muito pouco. O filme, de certa certa forma, dá força para essa questão da mulher, para essa briga.

    Entre Irmãs
    Breno Silveira nas gravações de ‘Entre Irmãs’ com a atriz Nanda Costa (Divulgação/Divulgação)
    Continua após a publicidade

    Falar da sexualidade no sertão, em 1930, não era o ponto principal do filme. Parece que você ficou um pouco surpreso sobre a coincidência atual sobre esse assunto. É que eu sempre acho que essas questões quando chegam, sei lá, um século depois, elas são mais bem resolvidas nas pessoas e eu tomo um susto quando a mídia vem falando que um cara quer a cura gay. O que é isso? Então, quando eu filmei, eu achava, sinceramente, que isso era um assunto esquecido. É lógico que a gente sabe que o embate é eterno, mas cura gay através da ciência? Era uma coisa de que eu não ouvia falar há muito tempo. Em 1930, sim, né?

    Tem um próximo projeto encaminhado? Tenho, o filme do Roberto Carlos.

    Pode falar um pouquinho? Eu recebi o convite com muita honra para fazer um filme sobre ele junto com a Patrícia Andrade, que escreve o roteiro. É um cara que tem um tamanho gigantesco para mim, ele faz parte do meu universo emocional. Eu não tenho vergonha de dizer trabalhar com a emoção nos meus filmes. O brasileiro não é nórdico, não é francês, não é alemão, não é inglês. A gente tem uma postura diferente diante dos sentimentos. Eu só faço esse cinema porque eu sou brasileiro. Eu faço o que eu sou. E acho que tratar de um cara do tamanho do Roberto é uma honra e acho que vai dar um belo filme. Estamos na metade do roteiro ainda. Ele está nos contando a história aos poucos.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.