O acaso fez sua parte. Há mais de uma década, o cineasta grego Yorgos Lanthimos vinha refinando o roteiro de A Favorita, em que três atrizes fabulosas se confrontam — e vem monopolizando premiações e indicações. Um intervalo semelhante, também, decorreu desde que Glenn Close se interessou por A Esposa até o projeto enfim se concretizar. No universo dos super-heróis, em que os filmes começam a ser gestados com anos de antecedência, estava já determinado que em algum momento a Capitã Marvel se apresentaria como a esperança dos Vingadores dizimados no ano passado em Guerra Infinita. Mas não há dúvida de que muito se deve, também, à insistência de atrizes e diretoras em uma representação mais justa em termos de quantidade e de qualidade: graças a essa obstinação, o ano de 2019 possivelmente será lembrado como um momento de virada. Desde a longínqua “era de ouro” do cinema, não se via tal concentração de papéis fortes para atrizes — e nunca houve um número tão grande delas atrás das câmeras (confira no quadro e nas resenhas abaixo). Não se trata de cortesia, claro, mas de bons resultados na bilheteria. Por causa deles, até filmes com título masculino consagrado ganharam alma feminina: no relançamento de Homens de Preto e de Exterminador do Futuro, elas é que são o motor da ação.
Publicado em VEJA de 23 de janeiro de 2019, edição nº 2618
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