Diretor de ‘O Sexto Sentido’: ‘O mundo está sombrio’
M. Night Shyamalan, no Brasil para lançar elogiado 'Fragmentado', estará na TVEJA nesta quarta-feira, às 15h30, ao vivo pelo Facebook
Conhecido tanto pelo pendor para temas pesados como pela trajetória irregular, em que se alternam acertos e desacertos, o diretor M. Night Shyamalan acredita viver agora a melhor sintonia entre o seu gosto pelo obscuro e a disposição do público e da crítica para recebê-lo. “Hoje, o mundo está pronto para essas histórias, ele está num lugar muito estranho”, disse em entrevista coletiva na tarde desta terça, em São Paulo, o cineasta de O Sexto Sentido e Fragmentado, que lança agora no Brasil depois de um enorme sucesso nos Estados Unidos. Shyamalan estará nesta quarta-feira em TVEJA, a partir das 15h30, ao vivo pelo Facebook de VEJA.
Fragmentado, que só nos Estados Unidos faturou mais de 136 milhões de dólares em bilheteria, tem como personagem principal Kevin Wendell Crumb, um homem que sofre de TDI (Transtorno Dissociativo de Identidade), e vê sua consciência partida em mais de 20 personas. “Sempre fui fascinado por esse tema, fiz aulas na faculdade e trabalhei com um psiquiatra, a quem fiz um milhão de perguntas a respeito, como se é possível atender uma personalidade diferente a cada sessão de terapia”, explica o cineasta.
O dark vem crescendo. O cafona, o filme do casal com final feliz, está em baixa
M. Nigh Shyamalan
No longa, as personalidades menos dóceis de Kevin tomam o controle, sequestram três adolescentes e dão início a um suspense psicológico que envolve o espectador em um clima de tensão constante até o tal final, que puxa para o sobrenatural. Mas há espaço para piadinhas, momentos em que o público ri aliviado. “Adoro humor negro, essa coisa à la David Lynch. E agora sinto que há espaço, que estou conectado com as massas”, disse. “Nós precisamos falar das mesmas coisas.”
Segundo o diretor, um sinal de que o mundo está “num lugar estranho” são os heróis do cinema atual: Jack Sparrow, de Piratas do Caribe, e Tony Stark, de Homem de Ferro, “um beberrão e um mulherengo”.
Shyamalan não falou de política e se limitou a avaliar as mudanças no cinema como uma testemunha. “Nos últimos 15 anos, cineastas que gostam do sombrio saíram da esquerda e vieram para o centro, como Darren Aronofsky. O dark vem crescendo. O cafona, o filme do casal com final feliz, está em baixa”, continua.
O diretor, que já está planejando uma continuação para Fragmentado, também falou de James McAvoy, a estrela do filme, e se disse sortudo de trabalhar com ele. De fato, McAvoy sustenta o longa. “Esse cara não tinha medo. Ele se jogava. Tentamos trabalhar uma personalidade por dia para ele se concentrar. E, às vezes, parávamos a filmagem para aplaudir.”
Confira mais sobre Fragmentado nesta quarta-feira, na entrevista de M. Night Shyamalan a TVEJA.