Diego Luna a VEJA: “Atuar em Star Wars é um presente”
O ator mexicano fala sobre a diversidade nas telas e o prazer de retomar seu papel na franquia criada por George Lucas em 'Andor', série do Disney+
O rebelde personagem Cassian Andor surgiu em Rogue One: uma História Star Wars (2016). Como foi retornar ao papel seis anos depois? Foi ótimo, mas na série Andor ele se revela muito distinto de quem era no filme. Se eu fosse convidado para ficar fazendo a mesma coisa, seria chato. Agora, interpreto um homem cinco anos mais novo que o de Rogue One. Abre-se uma oportunidade para explorar coisas diferentes. A série nos permite mostrar lugares e situações inéditos. É um formato que nos dá liberdade para transitar entre vários gêneros: em certos momentos, pode ser um thriller político; em outros, uma trama de espionagem.
Star Wars é uma franquia com personagens diversos, com atores de todas as etnias, raças e cores. A indústria americana do cinema e da TV está mais aberta para atores latinos? Claro que sim. Mas não é porque o mundo está mudando e, sim, porque simplesmente as pessoas precisam se sentir conectadas com aquilo a que elas estão assistindo e se ver representadas na tela. Se você vive em um grande centro urbano, como a Cidade do México ou São Paulo, ouve sotaques diferentes, vê raças diferentes, as histórias precisam responder a isso também. Não acho que essa mudança seja algo a que devemos reagir dizendo: “Oh! Obrigado”.
Por que não? Está acontecendo porque precisa acontecer. Se você quer ser relevante hoje, precisa falar sobre diversidade, inclusive nos bastidores, com técnicos, maquiadores, diretores. Todo mundo trazendo novas perspectivas.
Andor não é um Jedi, apenas uma pessoa comum querendo fazer a diferença. Você já disse que a desigualdade social do México o inspirou a compor o personagem. Como isso se deu? Andor passa uma bela mensagem não só para o México, mas para vários outros países. É sobre as pessoas lutarem por aquilo em que elas acreditam que é certo e correndo riscos para que mudanças ocorram. A vida não é uma jornada particular, somos parte de algo maior. A série nos envia mensagens importantes, e acho válida essa conexão emocional que propõe.
Star Wars tem um público fanático. Sentiu uma responsabilidade maior por atuar em uma franquia tão celebrada? É uma responsabilidade, mas também um lindo presente. Quero fazer o meu melhor e estou feliz porque é algo de que eu vou me lembrar pelo resto da minha vida. Muitas pessoas adoram a história que eu estou contando, por isso não vejo essa pressão. Eu encaro mais como uma bênção.
Publicado em VEJA de 21 de setembro de 2022, edição nº 2807