Uma exposição dedicada à cópia de Mona Lisa do Museo del Prado, em Madri, na Espanha, foi inaugurada nessa terça-feira, 28, na instituição, e fica em cartaz até 23 de janeiro. Leonardo e a Cópia da Mona Lisa, como foi batizada, é a primeira exposição dedicada à reprodução da pintura famosa, creditada pelo museu a um aprendiz não-identificado de Da Vinci, agora também apontado como autor da versão de Ganay de Salvator Mundi (1505-15), hoje em coleção particular, e da Saint Anne do Hammer Museum, em Los Angeles (1508-13).
Até uma década atrás, a pintura do Prado era considerada apenas mais uma das numerosas cópias da Mona Lisa. Pesquisadores, no entanto, apontaram que seu fundo preto foi adicionado posteriormente, e abaixo dele havia uma paisagem. A cobertura foi removida em 2012, revelando um fundo semelhante ao original de Leonardo. Com a descoberta, e a datação muito próxima, os conservadores deduziram que os quadros provavelmente foram pintados lado a lado, e ao mesmo tempo, no estúdio de Da Vinci, e não depois que o original já havia sido concluído, como se acreditava anteriormente.
No site do museu a cópia é creditada a “um dos alunos de Leonardo, provavelmente Andrea Salaì ou Francesco Melzi”. Salaì ingressou no estúdio de Leonardo em 1490 e é tido como um dos possíveis amantes do mestre renascentista, enquanto Melzi chegou um pouco depois, em 1506. O especialista Martin Kemp, da Universidade de Oxford, no entanto, questiona a informação: “A pintura de Salaì assinada e datada não tem nada em comum com a cópia do Prado, e não temos uma amostra confiáveis de pinturas atribuídas a Melzi”, explicou ao site especializado The Art Newspaper.
Com o posicionamento do especialista, o Prado parece ter adotado sua visão, comprando a ideia de um aprendiz ainda desconhecido, que teria dado as pinceladas junto a Da Vinci. No comunicado divulgado na segunda-feira, 27, a instituição não menciona nenhum dos dois nomes apontados no site e, segundo a publicação, atribui a mesma mão não-identificada às cópias de Salvator Mundi e Saint Anne.
Para além de incertezas sobre a autoria, alguns detalhes da cópia estão mais preservadas do que na pintura original, como partes da cadeira e o véu no braço esquerdo de Gioconda. As cores da cópia também são consideravelmente mais brilhantes e próximas das usadas por Da Vinci, uma vez que a imagem do Louvre foi bastante obscurecida pela descoloração. A peça ainda reflete a aparência dos misteriosos lábios da mulher em um tom rosado, como observado pelo antigo historiador da arte Giorgio Vasari.