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‘Cabeça de um Urso’, de Da Vinci, é leiloado por 12 milhões de dólares

Com 7 por 7 centímetros, o esboço se torna o desenho mais caro do mestre renascentista já vendido em um leilão

Por Tamara Nassif Atualizado em 8 jul 2021, 14h24 - Publicado em 8 jul 2021, 14h03
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  • Nesta quinta-feira, 8, todos os olhos do mundo da arte estão voltados para uma única folha de papel de 7 por 7 centímetros. Mas vê-la como um mero quadrado diminuto seria uma desfeita sem tamanho: trata-se de um esboço realista feito por Leonardo da Vinci (1452-1519) em pessoa, batizado de Cabeça de um Urso. Sob tutela da tradicional casa de leilões Christie’s, a joia em miniatura acaba de ser arrematada por 12.1 milhões de dólares. É o maior valor já pago por um desenho do mestre renascentista. 

    A dinheirama é justificável. Cabeça de um Urso era um dos oito últimos desenhos de Da Vinci ainda em mãos de colecionadores privados – e por isso, em tese, passíveis de serem disponibilizados para venda em leilões. Outros milhares de estudos de Da Vinci estão sob os cuidados de museus e acervos intocáveis, como o da rainha Elizabeth II. Com a venda, Cabeça de um Urso se torna o mais caro desenho do artista, em termos de esboço em papel e tinta. Vale lembrar que é de Da Vinci também a pintura Salvator Mundi – que, leiloada por 450 milhões de dólares em 2019, ocupa o posto de obra de arte mais cara da história. 

    MICRO E MACRO - O desenho Cabeça de um Urso (à esq.) e o recordista Salvator Mundi: mistérios -
    MICRO E MACRO – O desenho Cabeça de um Urso (à esq.) e o recordista Salvator Mundi: mistérios – (Christie’s/.)

    Até agora, o maior valor desembolsado por um desenho de Da Vinci fora registrado em 2011, quando um lance de 11 milhões de dólares levou o estudo de um cavaleiro e seu animal, base para parte da inacabada e célebre pintura A Adoração dos Magos, de 1481. Antes de ser desbancado pelo simpático ursinho, o rascunho Horse and Rider ocupava a terceira posição de desenhos mais caros já arrematados em leilão, atrás apenas de duas obras do também renascentista Rafael Sanzio (1483-1520). 

    É, no entanto, altamente improvável encontrar competidores à altura dos estudos de Rafael. Em 2009, Cabeça da Musa, base para uma figura de Parnassus encomendada pelo papa Júlio II, foi comprada pela bagatela de 47,9 milhões de dólares pelo financista nova-iorquino Leon Black. Com medidas de 30 por 22 centímetros, o desenho integrou algumas das mais refinadas coleções de arte: na época em que foi registrada pela primeira vez, em 1725, era propriedade do renomado colecionador holandês Gosuinus Uilenbroeck e, em seguida, foi do pintor Sir Thomas Lawrence. Depois, do rei holandês Guilherme II.

    Três anos mais tarde, em 2011, outra joia de Rafael encontrou um novo – e rico – dono. Vendida por 47.8 milhões de dólares pela Sotheby’s, em Londres, Cabeça de um Jovem Apóstolo mais que dobrou a estimativa mais alta de 23.8 milhões de dólares. O desenho em giz preto, feito por volta de 1519, era rascunho de uma das figuras de Transfiguração, famosa obra do renascentista sob os cuidados do Vaticano. Assim como Cabeça da Musa, também teve sua cota de donos grã-finos: pertencia à família do duque de Devonshire desde que William Cavendish, o segundo da linhagem, o comprou no fim do século XVII. 

    'Cabeça da Musa' e 'Cabeça de Jovem Apóstolo', esboços milionários de Rafael Sanzio
    ‘Cabeça da Musa’ e ‘Cabeça de Jovem Apóstolo’, esboços milionários de Rafael Sanzio (./.)

    Depois de Cabeça de um Urso e Horse and Rider, um outro esboço de Da Vinci deve tomar os holofotes em breve. Também esta semana, o desenho Martírio de São Sebastião se viu imerso em uma novela que não deve acabar tão cedo: assim que teve sua autoria confirmada, em 2016, foi logo classificado como tesouro nacional pelo governo da França. Pela lei, a obra esteve proibida de ser exportada por até 30 meses, prazo para que o Ministério da Cultura eventualmente a comprasse do proprietário e a expusesse no Museu do Louvre. Mas, de lá para cá, o valor dela saltou para 15 milhões de euros, 5 milhões a mais do que o governo poderia bancar, e agora o dono da peça luta na Justiça para ter seu certificado de exportação emitido. Ainda não se sabe se será leiloada ou se fará companhia para a “colega” Monalisa no Louvre. Aguardemos os próximos capítulos.

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