O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, 19, que pretende transformar a Agência Nacional do Cinema (Ancine) em uma secretaria vinculada a algum dos ministérios do governo e disse que ela terá “filtros culturais” para a seleção do que será fomentado pelo órgão.
“A cultura vem para Brasília e vai ter um filtro, sim. Já que é um órgão federal, se não puder ter filtro, nós extinguiremos a Ancine. Privatizaremos ou extinguiremos. Não pode é dinheiro público ser usado para fazer filme pornográfico”, afirmou, referindo-se ao filme Bruna Surfistinha, que já havia sido criticado por ele na quinta-feira 18.
Questionado sobre que tipo de filtro será usado, Bolsonaro disse que são filtros culturais e citou como exemplo histórias que retratem os “heróis nacionais”. “Temos tantos heróis no Brasil e a gente não fala dos heróis do Brasil, não toca no assunto. Temos que perpetuar, fazer valer, dar valor a essas pessoas que no passado deram sua vida, se empenharam para que o Brasil fosse independente lá atrás, fosse democrático e sonha-se com um futuro que pertence a todos nós”, disse. Bolsonaro reafirmou que a diretoria da Ancine será transferida do Rio de Janeiro para Brasília.
Nesta quinta, em evento comemorativo dos 200 dias de seu governo, o presidente assinou uma medida que transfere o Conselho Superior do Cinema do ministério da Cidadania para a Casa Civil e afirmou que não pode “admitir que com dinheiro público façam filme como o da Bruna Surfistinha”.
O diretor de Bruna Surfistinha, o cineasta Marcus Baldini, afirmou nesta sexta-feira por meio de nota oficial que o longa é “um projeto importante tanto pela questão artística quanto pela econômica”. Já Deborah Secco, a protagonista da produção, se disse “triste” e “um pouco chocada” com a declaração do presidente.