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Autor de ‘O Caçador de Pipas’ homenageia em livro menino sírio afogado

Khaled Hosseini defende importância da literatura na humanização do refugiado

Por EFE Atualizado em 6 set 2018, 08h53 - Publicado em 6 set 2018, 08h33
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  • Com o aumento de movimentos migratórios pelo mundo, o escritor afegão Khaled Hosseini, que ficou mundialmente famoso com a obra O Caçador de Pipas, destacou nesta quarta-feira em Londres, Reino Unido, a importância da literatura como ferramenta para “humanizar os refugiados”.

    “Os livros sobre refugiados são necessários porque ajudam a humanizar sua história. Para entender o que acontece é necessário se importar, e para nos importarmos é necessário sentir algo. A literatura é tão importante por isso. Ela nos conecta com esta dura realidade”, defendeu Hosseini na entrevista coletiva para lançamento do seu mais recente livro, A Memória do Mar (Ed. Globo Livros), um relato inspirado na história de Aylan Kudi, o menino sírio de três anos que morreu afogado quando tentava chegar à Europa, em 2015.

    Na sua nova obra, que tem a edição brasileira traduzida pelo jornalista Pedro Bial, um pai conta para o filho as lembranças da Síria de sua infância, enquanto observa a noite em uma praia, aguardando o início do dia e o barco que os levará para o outro lado do Mediterrâneo. Com este romance, ele disse pretender prestar homenagem não só aos que perderam a vida no mar ao tentar chegar à Europa, mas a todos os deslocados que se veem obrigados a deixar suas casas e famílias.

    “Já se passaram três anos (desde a morte de Aylan), mas vemos que as pessoas continuam enxergando na travessia do mar um futuro melhor. E essa travessia é cada vez mais perigosa”, disse o escritor, que recebeu asilo político nos Estados Unidos junto com a família, após a intervenção soviética em seu país natal.

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    Hosseini, embaixador da boa vontade do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) desde 2006, insistiu sobre a importância de ser levado em conta que a vontade destas pessoas é voltar para os seus lares e que a decisão de deixar toda uma vida para trás “é realmente complicada e agonizante”.

    “Um deles me disse uma vez: ‘Nem sequer o céu é o mesmo de como estar em casa’. Ninguém escolhe ser refugiado. Isto parece óbvio, mas muitos se esquecem com frequência”, lembrou o escritor, médico de profissão até a repercussão com o primeiro livro.

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    Também autor de A Cidade do Sol e O Silêncio das Montanhas, ele aproveitou a ocasião para lembrar que existem mecanismos legais para evitar parte do sofrimento que estas pessoas vivem. “A reunificação familiar ou a concessão de vistos são apenas duas ferramentas possíveis para evitar tragédias como as do Mediterrâneo. Basta vontade política”, disse Hosseini.

    Apesar disso, ele defendeu que é necessário atingir a raiz do problema e mergulhar nas causas dos deslocamentos. “A resposta não é unicamente abrir as fronteiras, o problema deve ser solucionado na origem”, argumentou o escritor.

    Com A Memória do Mar, Hosseini segue na luta pelos direitos dos refugiados. Conforme anunciou, o lucro das vendas será doado ao Acnur, que destinará aos grupos familiares separados por guerras e perseguições.

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