Uma dupla de ativistas climáticas jogou sopa na Mona Lisa, obra de prima de Leonardo da Vinci, nesse domingo, 28, no Museu do Louvre, em Paris. O protesto em prol de uma “alimentação saudável e sustentável” parece não ter danificado a obra, que é blindada por um vidro de proteção.
Depois de lançarem a sopa, as mulheres ultrapassaram a barreira de proteção que mantém os visitantes distantes da pintura e se aproximaram da obra, exibindo camisetas com o slogan do grupo ativista ambiental Riposte Alimentaire (Resposta Alimentar). “O que é mais importante: arte ou o direito a uma alimentação saudável e sustentável? Nosso sistema agrícola está doente. Nossos agricultores estão morrendo no trabalho”, disseram elas durante a ação.
O ataque à pintura assustou os turistas que visitavam o local, e equipes do museu tentaram bloquear a cena improvisando uma barreira de proteção com telas de tecido preto, mas não conseguiram obstruir totalmente a visão da obra lambuzada e das ativistas. Segundo a polícia local, duas pessoas foram presas.
ALERTE – Des militantes pour le climat jettent de la soupe sur le tableau de La Joconde au musée du Louvre. @CLPRESSFR pic.twitter.com/Aa7gavRRc4
— CLPRESS / Agence de presse (@CLPRESSFR) January 28, 2024
Onda de protestos
Essa não é a primeira vez que obras de arte viram alvo de protestos climáticos. Em um passado recente, manifestantes atiraram purê de batata no quadro Grainstacks, de Claude Monet, exposto no Museu Barberini, na Alemanha, e outra dupla já havia atirado sopa de tomate nos Girassóis de Van Gogh, em Londres. Há também uma outra modalidade de protesto, em que os ativistas colam partes do corpo em obras famosas enquanto declamam manifestos: pinturas como Primavera, do pintor renascentista Sandro Botticelli (1445-1510), e Moça com Brinco de Pérola, do holandês Johannes Vermeer, já foram vítimas desse tipo de ação.
No caso da Mona Lisa, a manifestação vem em um momento em que agricultores franceses enfrentam uma crise aguda. Com uma queda acentuada das vendas agrícolas locais, uma série de manifestações se espalhou pelo país nas últimas semanas exigindo melhores salários, impostos e regulamentações. Em um comunicado enviado à AFP, o grupo afirma que a sopa na pintura de Da Vinci marca o “início de uma campanha de resistência civil com uma demanda clara… a segurança social de alimentos sustentáveis”.
Os grupos por trás das ações alegam que a ideia não é vandalizar as pinturas, mas usá-las para atrair os olhares da opinião pública para temas relacionados às mudanças climáticas. Em 2022, os museus se pronunciaram sobre o tema: mais de 90 líderes de instituições culturais ao redor do mundo assinaram uma petição do Conselho Internacional de Museus da Alemanha condenando os protestos.