Jennifer Lopez fez bonito, mas acabou envolvida em uma tempestade de críticas a sua performance deste domingo, 10, durante a entrega do Grammy 2019. A cantora liderou no palco do prêmio a homenagem ao aniversário de seis décadas da gravadora Motown, historicamente ligada à música negra. Se muitos aplaudiram o fôlego da pop star na interpretação de clássicos da gravadora, a ala anti-racista não fez coro, criticando a escolha de uma artista branca para a apresentação.
April Reign, advogada que criou o movimento #OscarsSoWhite, vinha, desde o início da semana, apontando como erro a escolha da diva latina para o tributo à casa de artistas como Louis Armstrong, Ella Fitzgerald, Nat King Cole e Chuck Berry. Juntaram-se a ela Jemele Hill e Lone Love, que, com seus milhares de seguidores, tomaram as redes sociais com compartilhamentos e retuitadas acusando a opção como gesto de racismo do prêmio musical.
Jennifer Lopez, de origem latina, dividiu o palco com Smokey Robinson and Ne-Yo. Juntos, interpretaram canções gravadas pela Motown como Dancing in the Street, Please Mr. Postman e My Girl, escrita por Robinson. O músico, aliás, começou a defender a colega um dia antes da entrega do prêmio, dizendo que ninguém inteligente ficaria chateado com a escolha da artista. “A música da Motown é pra todo mundo. Todo mundo”, disse ele, à Variety, no sábado 9.
A chuva de tuítes de ativistas e artistas negros reflete um mal-estar de outras edições, como o ano em que Beyoncé perdeu o três dos maiores prêmios para Adele, depois de já ter acumulado dois anos de derrotas para Taylor Swift. O principal prêmio deste ano foi entregue ao rapper Donald Glover, artista negro que, além de melhor canção, levou as nomeações de melhor clipe e performance de rap cantado.