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Após paralisação, o mercado de cruzeiros prepara retomada

A área aposta em passeios de volta ao mundo e novos destinos

Por Amauri Segalla
Atualizado em 4 jun 2024, 14h14 - Publicado em 22 jan 2021, 06h00
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  • NAVIO EM VENEZA - Horizonte positivo: com a chegada da vacina, embarcações voltarão a lotar -
    NAVIO EM VENEZA - Horizonte positivo: com a chegada da vacina, embarcações voltarão a lotar - (Miguel Medina/AFP)

    Empresários e investidores da área do turismo gostam de dizer que, se você quer mesmo ganhar dinheiro, é melhor esquecer o resort e comprar um navio de cruzeiro. De fato, nos últimos trinta anos as viagens marítimas se tornaram um negócio bastante lucrativo. Desde 1990, segundo dados da Cruise Lines International Association (Clia), o setor cresceu, em média, 7% ao ano, desempenho comparável ao de grandes empresas de tecnologia. O número de embarcações, que mal passava de duas centenas, chegou a 400 em 2019, ano em que 30 milhões de viajantes de diversas partes do mundo geraram 154 bilhões de dólares em receitas, um recorde. Nesse período, nada parecia capaz de afetar a atividade. Uma pesquisa global mostrou que 82% dos viajantes adorariam fazer novos passeios, indicando que havia no horizonte uma longa rota de crescimento. Mas eis que veio a pandemia e o mar ficou revolto. Com as restrições, viagens foram canceladas e os transatlânticos permaneceram ancorados. Agora, porém, o cenário mudou. O avanço da vacina em diversas partes do mundo, associado à expectativa da recuperação econômica, levou as empresas do ramo a preparar os planos para zarpar.

    O mercado de cruzeiros tem algumas características que o tornam diferente de outros ramos do turismo. Devido à complexidade da operação — negociações com portos de destino, organização da logística, compra de provisões, convocação da tripulação e outros inúmeros trâmites burocráticos —, os roteiros precisam ser preparados com boa antecedência. A expectativa é de que a retomada comece a partir de abril, intensificando-se no meio do ano. Isso, ressalte-se, depende especialmente da velocidade da imunização contra a Covid-19, mas os sinais, à exceção do Brasil, são positivos. Na União Europeia, 50% da população deverá receber a primeira dose da vacina até abril, segundo projeções do banco Goldman Sachs. Tudo indica, portanto, que a normalização será rápida.

    Para aproveitar o oceano azul — conceito usado no mundo dos negócios que consiste em dominar mercados onde há pouca concorrência —, os operadoras criaram estratégias inusitadas. Na Europa, a TUI Cruises pretende investir na modalidade “cruzeiro para lugar nenhum.” Ela foi adotada durante a pandemia para evitar que a operação ficasse completamente paralisada e, surpreendentemente, funcionou. Em vez de os passageiros desembarcarem nos portos para desfrutar das cidades, eles permaneceram a bordo o tempo todo. De fato, a iniciativa garante boa margem de segurança contra o vírus. Só ingressam no navio turistas e tripulantes comprovadamente livres da doença. Sem contato externo, nem é preciso dizer, não há risco de contaminação. A medida continuará, mas no longo prazo tem limites. Descobrir destinos estrangeiros em combinação com viagens marítimas é, afinal, a principal atração nos cruzeiros.

    Arte Cruzeiros

    A MSC, uma das referências do setor, iniciou recentemente as vendas para o MSC World Cruise, travessia transoceânica de 119 dias que visitará 53 destinos em 33 países de todos os continentes. A aventura, contudo, está distante: começará apenas em 5 de janeiro de 2023, em Gênova, na Itália, e terminará após 30 000 milhas náuticas. O preço é salgado: 175 000 reais por cabine. Apesar dos valores altos, diz a empresa, a procura tem sido grande. A mesma avaliação é feita pela Costa Cruzeiros. Segundo Dario Rustico, presidente da companhia, é crescente o interesse por viagens no segundo semestre do ano. Para atender ao aumento da demanda previsto na retomada, a operadora trará um navio adicional, o Costa Toscana, para o mercado brasileiro. O setor, de fato, está agitado. Com navios atracados em Miami, a Oceania adicionou recentemente dez novos portos em seus pacotes de viagem, incluindo destinos na Dinamarca e no Reino Unido.

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    Os cruzeiros exclusivos para os mares brasileiros, porém, sofreram com a segunda onda do coronavírus. A expectativa era iniciar a temporada em novembro, mas ela não se confirmou. Segundo a Clia Brasil, estavam programados nove navios com uma oferta próxima de 620 000 leitos. Com o avanço da pandemia, os programas foram interrompidos. Toda a aposta, agora, está concentrada na temporada de férias de meio de ano.

    O mercado global de cruzeiros é altamente concentrado. Apenas três empresas (Carnival, Royal Caribbean e Norwegian) dominam 75% dos negócios. Maior companhia do ramo no mundo, a Carnival, dona de marcas como Costa Cruzeiros, tem valor de mercado de 31 bilhões de dólares — é quase o mesmo que o do Bradesco, um dos principais bancos do país. Segundo Guilherme Giserman, estrategista internacional da XP, o setor tradicionalmente navega em mares de almirante, sem tormentas pelo caminho. O público mantém-se fiel, há pouca concorrência entre as empresas, o risco de acidente é baixíssimo e não se vê no horizonte ameaças de disrupção, para usar uma palavra cara ao mundo corporativo. Em resumo: os cruzeiros sofreram horrores na pandemia, mas estão prontos para levantar as âncoras.

    Publicado em VEJA de 27 de janeiro de 2021, edição nº 2722

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