A fofa bebê Helena causou um rebuliço na vida dos personagens de Bebê a Bordo, novela exibida entre junho de 1988 e fevereiro de 1989 pela Rede Globo. Abandonada pela mãe, Ana (Isabela Garcia), logo após o conturbado parto no carro de Tonico (Tony Ramos), Helena seria disputada pela avó Laura (Dina Sfat) e por quatro “pais”, além da mãe biológica, arrependida por tê-la deixado para trás.
Na vida real, a criança foi interpretada por Beatriz Wurts Bertu ao logo de mais de 200 capítulos. Ela chegou ao estúdio da emissora após sua avó encontrar um anúncio no jornal, que buscava por um bebê loiro de olho azul para o folhetim. O encantamento da equipe por ela foi imediato. “Comecei a trabalhar no dia seguinte, aos 10 meses de idade”, conta Beatriz, hoje com 30 anos.
Claro, ela não guarda lembranças da época em que era estrela de novela. Aliás, a jovem nunca assistiu ao folhetim completo. “Meu pai tem fitas de VHS apenas com as minhas cenas.” Bebê a Bordo, que vai ganhar uma reprise pelo canal Viva a partir de janeiro, só foi reexibida no Vale a Pena Ver de Novo em 1992, quando a atriz ainda era criança. “Agora, vai ser minha chance de assistir ao programa completo”, comemora.
Trabalho duro – Hoje em dia, Beatriz está de volta à carreira da época de bebê. Formada em atuação cênica pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e pela tradicional Casa das Artes de Laranjeiras (Cal), a atriz se dedica aos palcos do teatro e também aos bastidores, onde atua como assistente de direção. Recentemente, esteve em cartaz no Rio com a peça Tubarões, da dramaturga Daniela Pereira de Carvalho. No cinema, fez pontas nos filmes Divã (2009) e Bonitinha, Mas Ordinária (2013).
A opção pela carreira aconteceu aos 15 anos, após um curso de férias. Antes, a jovem ficou afastada das câmeras por decisão dos pais. “Durante a novela fiquei muito doente. Gravávamos muito, cerca de 30 cenas por dia. Em um ano, peguei quatro pneumonias”, diz. A correria surpreendeu a família da moça, que não tinha nenhuma ligação com o meio artístico antes do folhetim. A recompensa financeira também não foi estonteante. “Não era como hoje em dia, que a pessoa se torna uma personalidade e faz publicidade, vende tudo. O dinheiro que eu ganhava era pouco, não conseguimos comprar nada.”
Ao longo da adolescência, ela seguiu pelo caminho dos esportes com a ginástica de trampolim, que a levou a competir em dois campeonatos mundiais, um na África do Sul e outro na Dinamarca. Uma lesão fez com que Beatriz começasse a pensar em outros caminhos para o futuro, quando optou de vez pela carreira artística.
Coincidentemente, o empurrão viria da ex-colega de elenco Isabela Garcia, com quem ela ainda mantém contato. “Um dia, cheguei em casa e estavam rodando uma cena de novela na minha rua. A Isabela estava lá. Foi então que ela me aconselhou: ‘Se você quer ser atriz, vai estudar, vai se preparar’”, diz. O conselho foi seguido e Beatriz garante que voltaria com prazer aos estúdios da Globo. “Gosto muito de fazer teatro, é minha base. Mas faria uma novela com muito carinho e amor.”