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A vida sexual secreta de Adolf Hitler

Novo documentário expõe hábitos de alcova do ditador nazista, unindo fatos históricos a relatos bizarros de obsessão, incesto e sadomasoquismo

Por Sergio Figueiredo Atualizado em 4 jun 2024, 13h49 - Publicado em 14 Maio 2021, 06h00
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  • A balança da história pesa a favor dos vencedores, ainda mais quando o vencido é uma figura abominável como Adolf Hitler, responsável por empurrar o mundo para uma guerra que ceifou mais de 75 milhões de vidas. Morto há 76 anos, o chanceler que governou a Alemanha de 1933 a 1945 é ainda um dos assuntos favoritos de documentaristas — não só por ter um persistente apelo comercial, pelo enigma que o cerca, mas também porque, em caso de calúnia, ninguém em sã consciência teria a ousadia de defendê-lo. O mais recente prego no caixão do ditador foi colocado agora pelos produtores de A Vida Sexual Secreta de Hitler, cinebiografia exibida apenas no canal History do Reino Unido. Dividido em quatro episódios, e apresentado com exclusividade a VEJA, o filme especula sobre a infância, a puberdade e os hábitos de alcova de Hitler, numa costura que explicaria sua personalidade.

    A narrativa trafega entre 1889 e 1945 — nascimento e morte do protagonista —, alinhavada pelo psiquiatra forense Robert Kaplan, em permanente tentativa de expor causas e efeitos. Segundo Kaplan, o pai violento e a mãe protetora teriam contribuído para formar o caráter sadomasoquista de Hitler. No histórico da família, estariam as raízes da propensão ao incesto. Não há provas cabais de que o pai, Alois, fosse o monstro descrito no documentário. Os próprios autores admitem que, no século XIX, a punição severa à prole era a regra, não a exceção. Contudo, é provável que a mãe, Klara, fosse apegada demais ao menino, depois de ter perdido três filhos antes do nascimento de Adolf. Alega-se, no capítulo das relações incestuosas, que Klara e Alois eram primos e que Hitler teria defeitos congênitos por causa disso. É tese que combinaria com uma tradição daquele tempo: o interior da Áustria era formado de vilarejos onde vigoravam casamentos entre parentes.

    De concreto, sabe-se que Hitler tinha dificuldade de socialização na juventude, conforme descreveu em livro o melhor amigo, August Kubizek. Quando os dois moraram juntos na cidade de Linz, Hitler se apaixonou por Stefanie Isak e chegou a contar a Kubizek que se mataria — levando a moça consigo — se fosse rejeitado. A fixação teria durado anos e, mesmo assim, ele nunca criou coragem para falar com ela. Já o homem que sairia da prisão em 1924, depois de um golpe de Estado fracassado, se revelaria mais arrojado no relacionamento com quatro mulheres que passaram por sua vida, três delas tendo um fim trágico.

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    AMOR PLATÔNICO - Stefanie Isak: paixão da juventude de Adolf Hitler – (Universal History Archive/Getty Images)

    Pouco tempo depois da prisão, Hitler, já com 37 anos, envolveu-se com a adolescente Maria Reiter. Ela admitiria, anos mais tarde, ter ficado arrasada quando foi abandonada pelo amante e que chegou a se enforcar, salva no último segundo pelo cunhado. Reiter deu a volta por cima e sobreviveu para contar a história em 1959. A mesma sorte não teve a sobrinha de Hitler, Geli Raubal, outra adolescente que, segundo o psiquiatra Kaplan, serviu para satisfazer a compulsão do ditador. Eles conviveram por seis anos e moraram juntos em um apartamento em Munique, o que leva a crer que tenha havido um relacionamento incestuoso. O documentário, entretanto, vai além, expondo intimidades pouco convencionais: Hitler propunha a Raubal que urinasse sobre ele durante a relação. Já para a jovem atriz Renate Müller, ele teria pedido a ela que o chutasse no chão em uma sessão de sadomasoquismo. Essas histórias, vale notar, não foram relatadas pelas mulheres envolvidas, mas por terceiros. É sabido que Geli morreu com um tiro no peito aos 23 anos, em 1931, no apartamento de Munique. Renate despencou para a morte da janela de um sanatório onde se tratava de depressão, em 1937, quando Hitler já era chanceler. Até hoje paira a plausível suspeita de que ambas foram assassinadas para não expor o líder alemão.

    O documentário também revela alguns segredos sobre a sua mais longeva e famosa companheira. Hitler conheceu Eva Braun quando ela tinha 17 anos, e tratou de manter o modus operandi comportamental. Eva ficou ao lado dele até o fim. O Führer não tinha a saúde perfeita que apregoava e, nos últimos anos de vida, não passava sem o coquetel de opioides e anfetaminas providenciados por seu médico, Theodor Morell. Da verdade à fofoca, o que se diz é que Eva pedia a Morell que fornecesse também estimulantes sexuais ao parceiro, que parecia estar perdendo o interesse nela assim como perdia a guerra. A última alcova do casal foi um bunker despedaçado em Berlim, onde, cercados pelo inimigo, tiraram a própria vida em 30 de abril de 1945. O desfecho trágico, sem dúvida, foi uma constante de quem cruzou o caminho de Hitler.

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    Alcova Nazista

    Um rastro de suicídios e possíveis assassinatos

    Eva Braun
    Eva Braun – (Ullstein Bild/Getty Images)

    Eva Braun
    Passou mais de uma década ao lado do Führer, da ascensão à completa derrota na II Guerra Mundial. Cometeu suicídio ingerindo cianeto com ele

    Maria Reiter
    Maria Reiter – (Apic/Getty Images)

    Maria Reiter
    Foi provavelmente o primeiro caso de Hitler depois que ele saiu da prisão em 1924. Abandonada, admitiu ter tentado se enforcar

    Renate Müller
    Renate Müller – (Hulton Archive/Getty Images)

    Renate Müller
    Atriz e cantora, teria tido relação sadomasoquista com o futuro chanceler. Em 1937, despencou da janela: oficiais armados foram vistos adentrando o prédio

    Publicado em VEJA de 19 de maio de 2021, edição nº 2738

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