Na última quarta-feira, 26, o estômago de um universitário coreano falou mais alto que as restrições do Museu de Arte de Leeum, em Seul, e ao ver a estátua Comedian, do artista Maurizio Cattelan — uma banana grudada à parede com um recorte de fita crepe —, ele não resistiu. Descolou a fita, descascou a banana e deu a ela um novo espaço expositivo goela abaixo. Ao terminar, grudou a casca novamente à parede, acenou à câmera que o filmava, sorriu e deixou a cena, satisfeito após comer o lanche mais caro de sua vida: a instalação à base de banana já chegou a ser vendida por 120 mil dólares. A explicação dada ao Museu é simples: o meliante havia pulado o café da manhã.
O ato demorou um minuto e não parece ter tumultuado o espaço. Na gravação publicada por um amigo, o estudante Noh Huyn-soo se apresenta calmo e não é interrompido por ninguém. Mais tarde, porém, o jovem ofereceu maior contexto para a decisão, que descreve como uma obra de arte em si mesma: “Danificar uma obra moderna pode ser interpretado também como arte. Pensei que seria interessante, ela não está lá para ser comida?” A fruta é trocada a cada 2 ou 3 dias para não apodrecer, logo é, de fato, comestível. Já Cattelan, idealizador da escultura, supostamente apenas teve uma frase a dizer sobre o ocorrido: “Sem problemas”.
Essa não é a primeira vez que a obra orgânica foi provada por um apreciador. Em 2019, na cidade de Miami, o artista performático David Datuna a ingeriu em protesto à desigualdade social. Apesar de considerar seu autor um gênio, ele explicou. “Viajei por 67 países ao redor do mundo nos últimos três anos e vejo como as pessoas vivem. Milhões morrem sem comida, e ele exibe 3 bananas em uma parede por meio milhão de dólares?”, questionou.
Nem Datuna, nem Huyn-soo sofrerão represálias pelo ato, dada a natureza reprodutível e conceitual da obra depredada. Esse é o terceiro trabalho do escultor Cattelan que é publicamente avariado, após o roubo do vaso sanitário de ouro maciço intitulado America, na Inglaterra, e o vandalismo da escultura L.O.V.E em Milão, que representa um dedo do meio na frente da Borsa Italiana.