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A eterna madrinha do samba

Morre a cantora Beth Carvalho

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 16h20 - Publicado em 3 Maio 2019, 07h00
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  • O nome de Beth Carvalho estará para sempre associado ao samba, mas ela foi uma intérprete múltipla. Seu repertório incluiu bossa nova, forró, música de protesto e a chamada MPB “de autor”. Foi no samba, porém, que sua voz melhor se acomodou. Beth gravou versões definitivas de composições de Cartola, Nelson Cavaquinho e Nelson Sargento, cantores que já eram da velha-guarda quando ela despontou, nos anos 60 — e também de autores que ela ajudaria a consagrar, como Jorge Aragão, Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz.

    Elizabeth Santos Leal de Carvalho nasceu em 1946, na Gamboa, bairro da região portuária do Rio, em uma família musical. Seu pai, amigo de Silvio Caldas e Elizeth Cardoso, a levava aos ensaios das escolas de samba. Cedo ela se apaixonou pela Estação Primeira de Mangueira, um amor tão duradouro quanto sua torcida pelo Botafogo. Em 1965, Beth lançou um compacto com Por Quem Morreu de Amor, de Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal. A estreia foi na bossa nova, mas o samba sempre esteve perto. Dois anos antes de atingir a terceira colocação no Festival Internacional da Canção de 1968, com Andança — ainda hoje obrigatória em rodas de violão —, Beth participou do espetáculo A Hora e a Vez do Samba, ao lado dos veteranos Nelson Sargento e Noca da Portela. Em 1973, ela abraçou definitivamente o gênero com o álbum Canto por um Novo Dia. Estão ali canções de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, Martinho da Vila e João Nogueira.

    O afinco com o qual se dedicava ao samba e aos seus compositores lhe rendeu o epíteto de “madrinha”. Beth visitava os compositores veteranos em busca de novos clássicos. Foi assim que ganhou Folhas Secas, de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, e As Rosas Não Falam, de Cartola. Nos anos 70, passou a frequentar a roda de samba do Cacique de Ramos, em Olaria. Ficou encantada com o novo modo do grupo de tocar, dando ênfase a instrumentos como repique de mão e banjo. Ali ela fez novos afilhados: Almir Guineto, Jorge Aragão, Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho.

    Apaixonada pelo palco, Beth não deixou nem que as excruciantes dores nas costas que teve nos últimos tempos — sofria de uma fissura no sacro, osso na base da coluna vertebral — a impedissem de se apresentar: no ano passado, fez shows em que cantava deitada. Em janeiro deste ano, com o agravamento de sua condição, ela foi internada. Ainda planejava um show para comemorar seus 73 anos, que seriam completados em 5 de maio. Beth Carvalho morreu de infecção generalizada na terça-feira 30, no Rio.

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    Publicado em VEJA de 8 de maio de 2019, edição nº 2633

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