Saiba por que o governo da França pagará bônus a quem consertar roupas
Segundo a secretária de Ecologia, Bérangère Couillard, objetivo principal é diminuir o desperdício no país
Dados da Global Fashion Agenda e da consultoria global McKinsey mostram que a indústria da moda é a segunda maior poluidora do mundo. Atualmente, se contabiliza mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis descartados nos últimos anos e com projeções nada animadoras: ao invés de diminuir, esse número pode aumentar em 60%, ou seja, nos próximos oito anos, podermos ter mais de 140 milhões de toneladas de resíduos.
Assim, o governo da França decidiu contribuir para que esse cenário se modifique incentivando o conserto de roupas e calçados danificados, pagando um bônus para as pessoas que o fizerem. “Financiado pela contribuição dos fabricantes do setor, este auxílio reduzirá o custo de seus reparos. A partir de outubro, será mais fácil consertar suas roupas e sapatos do que comprar novos”, anunciou Bérangère Couillard, secretária de Ecologia e Desenvolvimento Sustentável do país.
De acordo com o jornal francês Le Monde, Bérangère explicou que os serviços serão financiados por um fundo de 154 milhões de euros (cerca de R$ 830 milhões) constituído a partir dos impostos pagos pelo setor têxtil, será válido pelos próximos 5 anos.
Ainda segundo o projeto, os descontos serão aplicados diretamente na fatura do serviço, cobrindo diversos reparos, de acordo com uma tabela estabelecida pelo governo francês: costurar um furo ou mudar um salto dará um desconto de 7 euros; colar uma sola de sapato terá um abatimento de 8 euros; e forrar uma roupa pode custar até 25 euros mais barato.
A medida passa a funcionar a partir de outubro de 2023 com o objetivo principal de diminuir o desperdício no país. “Estima-se que 700 mil toneladas de roupas são jogadas fora por ano na França — desse total, cerca de 466 mil toneladas acabam em aterros sanitários”, afirmou a secretária. “O objetivo é apoiar quem faz reparos. Isso encorajaria oficinas e varejistas a oferecer serviços de reparo com “a esperança de recriar empregos”, finalizou.