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Obesidade avança entre os bichos de estimação. Como resolver o problema?

Há um movimento para reduzir o peso e os prejuízos a cães e gatos

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 set 2024, 08h00
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  • DA PESADA - Ao menos quatro em cada dez cães já têm gordura em excesso: índice preocupante
    DA PESADA - Ao menos quatro em cada dez cães já têm gordura em excesso: índice preocupante (Kuznetsov Alexey/Shutterstock)

    Quando seres humanos e lobos passaram a viver próximos, há mais de 20 000 anos, a parceria era puramente utilitária: os animais se aproveitavam dos restos de alimentos, enquanto nossos antepassados desfrutavam da bem-vinda proteção da alcateia. A domesticação foi natural e os bichos não só se mantiveram próximos como deram origem a uma nova espécie, aquela que seria conhecida como a melhor amiga do homem. Essa relação cada vez mais estreita e familiar — que não se restringiu aos cães, mas se estendeu a gatos e outras criaturas outrora selvagens — passou a submeter os bichos às mesmas revoluções ambientais e comportamentais vivenciadas por seus “donos”. No século XXI, animais que um dia foram acostumados à caça, à escassez de comida e aos desafios da vida nômade agora estão confinados em apartamentos, passam bastante tempo sozinhos, são entupidos com petiscos calóricos e palatáveis e se exercitam (quando se exercitam) em pequenas prestações. O resultado não podia ser outro: seguindo o passo dos tutores, os pets encaram uma epidemia de obesidade.

    Cachorros e gatos domésticos têm ganhado quilos a mais e problemas de saúde decorrentes deles. Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP revela que 40% dos cães do estado de São Paulo estão acima do peso. Mundo afora, os índices seguem disso para pior, beirando os 50%. Pelas contas dos cientistas, seis em cada dez gatinhos estão à la Garfield. E engana-se quem pensa que outras espécies não são atingidas pelo fenômeno. Especialistas já estão notando o aumento de peso em pássaros, roedores e répteis!

    SPA - Tratamento intensivo: clínicas se dedicam ao controle dos quilos de bichanos
    SPA - Tratamento intensivo: clínicas se dedicam ao controle dos quilos de bichanos (Harun Ozalp/Anadolu/Getty Images)

    Não é por acaso que os veterinários estão preocupados e, para lidar com esse mundo em engorda, o mercado pet se desdobra em soluções que vão de rações diet a spas especializados em emagrecimento. “É importante notar, no entanto, que a obesidade é uma doença e exige todo um tratamento”, afirma o veterinário Fabio Alves Teixeira, editor do livro Obesidade em Animais de Companhia (Editora Manole), primeiro tratado de fôlego sobre o tema recém-publicado no país. E não se trata de fofura ou detalhe. Quando não contida, a sobrecarga corporal pode abalar o bem-estar do bicho. Além de problemas articulares, respiratórios e cardíacos, o excesso de peso está asso­cia­do a uma diminuição de até 30% na expectativa de vida.

    O tratamento, assim como no caso dos humanos, é individualizado e leva em consideração desde a raça até a gravidade. Seu princípio básico ancora-se na readequação alimentar e na atividade física. Até existem estabelecimentos dedicados a terapias mais intensivas, mas, de maneira geral, o manejo pode ser feito pelo próprio tutor, devidamente orientado pelo veterinário. “O controle do peso não se resume a reduzir a quantidade de ração”, diz Rafael Zafalon, veterinário e coordenador de capacitação técnica da marca PremieRpet, que apresentou estudos de nutrição animal no último congresso da área na Irlanda. “É preciso alimentar o animal com uma dieta menos calórica, mas rica em fibras e com a mesma quantidade de nutrientes.” E ainda incrementar os passeios pela praça e as brincadeiras que consomem energia.

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    REGIME - Dieta e exercício: rações especiais e atividades entram na rotina
    REGIME - Dieta e exercício: rações especiais e atividades entram na rotina (Ulrika Kestere/shutterstock; WS Studio/iStock/Getty Images)

    Se houver adesão a essa mudança de hábitos, é possível chegar ao peso indicado e normalizar parâmetros de saúde alterados, como atestam pesquisas feitas por marcas de rações e universidades. O melhor cenário, contudo, é o da prevenção — lei que a medicina humana compartilha com a veterinária. Manter o animal ativo, em um ambiente que ofereça uma alimentação equilibrada tanto do ponto de vista quantitativo como qualitativo, bem como fornecer recursos que estimulem a saúde física e mental, é uma fórmula inescapável, a despeito de raça, porte ou faixa etária.

    Os profissionais alertam, no entanto, que existem alguns fatores de risco que devem ser observados. As fêmeas, por exemplo, são mais propensas ao ganho de peso, assim como animais castrados. Algumas raças de cães, como labrador, golden retriever, beagle, dachshund, pug e buldogue, também costumam ser mais reféns do acúmulo de gordura. “Mas um cuidado adequado é suficiente para evitar a condição”, afirma Teixeira, que inclui nesse pacote os check-ups veterinários. Dito isso, é preciso respeitar as necessidades particulares desses integrantes da família e zelar pela saúde deles. Abusar de petiscos e ser sedentário não faz bem a ninguém — muito menos aos animais.

    Publicado em VEJA de 27 de setembro de 2024, edição nº 2912

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