Não é só luxo: evento em SP joga luz à moda sustentável e inclusiva
Brasil Eco Fashion Week traz marcas que estimulam a economia circular, reciclagem, energias renováveis, novos materiais e práticas sustentáveis
Nesta quinta-feira 7, começa o Brasil Eco Fashion Week, evento de moda sustentável que desde 2017 levanta discussões e propõe ações educativas ao público de forma gratuita, com foco em práticas sustentáveis e economia circular, por meio de desfiles, salão de negócios, exposições e atividades de empreendedorismo.
Sob o tema “Ecoinovação e Desenvolvimento Sustentável”, o BEFW deste ano trará à tona questões ambientais e sociais em toda a cadeia de produção, incluindo as relacionadas com tecnologias limpas como energia renovável, reciclagem, eficiência energética e novos materiais.
“É inegável que a moda é uma indústria importante na economia”, afirma Rafael Morais, diretor executivo da BEFW. “Mas a moda sustentável oferece um caminho para reconciliar a importância econômica com a necessidade urgente de proteger nosso planeta. O evento é um espaço para informar e influenciar as decisões na cadeia produtiva da indústria da moda para torná-la mais justa e responsável”, completa.
Segundo Morais, a ecoinovação, por exemplo, aumenta o desempenho e a competitividade de uma empresa, mas traz benefícios sociais como garantir salários mais justos e condições de trabalho seguras e saudáveis, sobretudo para as mulheres, que equivalem 75% da mão de obra nesse setor, segundo dados da Associação Brasileira de Indústria Têxtil (ABIT).
Economia circular e upcycling
O evento, realizado no Centro de Convenções Frei Caneca, também baterá na questão da diversidade da moda brasileira, assunto abordado desde a primeira edição. Entre os 24 desfiles, são contempladas marcas de todas as regiões do Brasil como a maranhense Demodê e as amazonenses Sioduhi e We’e’ena Tikuna, além das estreantes Altair Santo (SE), Elis Cardim (BA), Moda do João (MA), Ventana (SC), Nordestesse – formada por um grupo de marcas do Nordeste – e o Projeto Algodão Paraíba, idealizado pela marca Natural Cotton Color, que desfilará peças de empresas de oito municípios da região semiárida, envolvendo mais de 600 hectares de área plantada e cerca de 300 famílias de agricultores reunidas em assentamentos rurais e em comunidades quilombolas na Paraíba que cultivam algodão para empresas têxteis e de confecção para todos os Estados.
Outro destaque do evento será o desfile da Trama Afetiva, plataforma coletiva de convergência e pesquisa em design social, que utiliza resíduos da indústria têxtil para produzir segundo o upcycling, uma técnica de recuperação dessas matérias-primas em desuso para a criação de peças únicas de moda. Sob a direção de moda de Thais Losso e direção criativa de Jackson Araújo, dois nomes bastante conhecidos da moda nacional, a Trama Afetiva envolve grupos de costureiras, cooperativas de tratamento de resíduos e coletivos de artesanato.
Limpeza até na Beleza
A proposta de utilização de produtos orgânicos, naturais e sustentáveis é seguida à risca em todas as ações do evento, inclusive nos cabelos e maquiagens produzidos para os desfiles. “A beleza sustentável já é uma realidade e deve andar de mãos dadas com a moda, redefinindo-a com a consciência dos seus impactos”, diz Diego Américo, maquiador que coordena a beleza do BEFW.
Além das passarelas, a beleza limpa será um dos assuntos discutidos em outras atividades do evento, que inclui palestras, exposições e workshops – estes últimos realizados no espaço Unibes Cultural, na rua Oscar Freire – com diversos temas sobre a cadeia produtiva da moda.
O BEFW terá ainda o “Pitch Empreendedoras da Moda Mais Sustentável”, do Instituto Lojas Renner, que premiará três negócios de moda autoral liderados por mulheres, entre 10 pré-selecionados e um espaço intitulado “Experiência Moda Circular”, colaboração entre o BEFW, o Instituto Febre e Royal College of Art para estimular o entendimento das pessoas sobre a moda ser uma agente ativa na economia circular.
Vale lembrar que o BEFW é um evento que demonstra ser possível produzir moda de forma sustentável e inclusiva. Seus desfiles são justamente para fazer refletir sobre os hábitos de consumo e adotar práticas mais sustentáveis, algo urgente e mais do que necessário nos dias de hoje.