Na noite da quinta-feira (10), um grupo invadiu a Conferência Municipal de Promoção da Igualdade Racial, em Divinópolis (MG), e propagou falas e símbolos nazistas, além de conteúdo pornográfico. Foram usados ícones como a suástica nazista e falas como a saudação “Heil Hitler”.
Tanto a Prefeitura quanto o Conselho da Igualdade Racial registraram um boletim de ocorrência, uma vez que apologia ao nazismo é considerado crime no Brasil. A pena vai de multa até cinco anos de reclusão. Além disso, uma pessoa física entrou com pedido de instauração de inquérito criminal junto ao escritório Vilela, Miranda e Aguiar Fernandes Advogados.
O tema da conferência, de duração de cinco dias, é “Enfrentamento ao racismo e às outras formas correlatas de discriminação étnico-racial e de intolerância religiosa: política de Estado e responsabilidade de todos nós”. A invasão do grupo nazista aponta para o profundo racismo ainda presente no Brasil, país nascido do processo de miscigenação tão mal visto pelos propagadores do nazismo.
O incidente ocorre logo após a polêmica causada pelo produtor de conteúdo Monark, que, no começo da semana, afirmou apoiar a criação de um partido nazista legalizado no Brasil. Pouco depois, Adrilles Jorge, da Jovem Pan, fez um gesto ligado ao nazismo em rede nacional. Tanto Monark quanto Adrilles foram demitidos.
A sequência de acontecimentos aponta para a persistência de pensamentos e atitudes profundamente preconceituosas em solo brasileiro. Se nem mesmo uma conferência sobre um assunto que deveria ser senso comum, como o fim da discriminação racial, pode ser conduzido sem violência por parte de grupos opositores, é de se questionar qual será o futuro de um país onde a maioria da população se autodeclara parda — e, nota-se, não branca.