Takara — A Noite em que Nadei: inocência e desencontro, sem nenhum diálogo
Diretores Kohei Igarashi e Damien Manivel narram um conto de um pai e um filho que anseiam um pelo outro, mas vivem separados por uma rotina irreconciliável
(Takara — La Nuit où J’ai Nagé, Japão/França, 2017. Já em cartaz no país) O pequenino Takara (Takara Kogawa) acorda, na madrugada, com o ruído do pai saindo para trabalhar no mercado de peixe local — e não mais consegue voltar a dormir. Vaga pela casa, come biscoitos, brinca com o cachorro, desenha as criaturas marinhas com que o pai lida. Ocorre-lhe, então, levar o desenho até o mercado, para dá-lo de presente. Em vez de entrar na aula junto com a irmã mais velha, que marcha à sua frente, Takara sai andando no meio da neve espessa do inverno, em uma longa peregrinação que afinal o conduz, sim, ao mercado — mas quando este já está fechado e vazio. Sem nenhum diálogo (rigorosamente nenhum) e em breves 78 minutos, os diretores Kohei Igarashi e Damien Manivel narram um conto tocante de inocência e de desencontro entre um pai e um filho que anseiam um pelo outro, mas vivem separados por uma rotina irreconciliável.