(Domingos, às 22h, disponível no HBO Go) Se o rei Lear de Shakespeare fosse o fundador de um conglomerado de mídia e entretenimento, ele seria Logan Roy (Brian Cox), o patriarca idoso, enfermo e implacável em torno do qual gira a série — o que então faria de Kendall (o estupendo Jeremy Strong) o equivalente de Cordélia, a única das filhas de Lear a manter algum senso de decência e lealdade, e portanto o alvo primordial do desejo paterno de destruição. Em termos atuais, porém, talvez ressoe mais descrever os Roy — pai, terceira mulher (Hiam Abbass) e quatro filhos — como uma versão do clã Lannister baseada em Wall Street e igualmente tornada cínica, gananciosa e cruel pela fortuna incalculável e o tédio de ter o mundo a seus pés. Psicologicamente aniquilado pelo pai por tentar salvar a empresa das decisões erráticas dele, Kendall ressurge como uma sombra. Ou, talvez, como a carcaça que a irmã (Sarah Snook) e os dois irmãos (Kieran Culkin e Alan Ruck) não cansam de bicar. Fabulosamente bem escrita, a série produzida por Adam McKay (de Vice) é para os fortes.