‘Soundtrack’ é uma bem-vinda exceção no cinema nacional
Selton Mello e Seu Jorge encaram frio e solidão no drama em cartaz no país
Cris (Selton Mello) desembarca na estação ártica sob a desconfiança dos quatro cientistas que trabalham lá: pajear um artista despreparado em meio ao inverno polar não é uma atribuição típica para eles. O meteorologista Mark (Ralph Ineson, de A Bruxa), companheiro de alojamento de Cris e responsável por mantê-lo vivo, ressente-se particularmente da intromissão. Aos poucos, o antagonismo dá margem a uma ligação entre os dois: Cris prepara uma série de autorretratos que deverão ser vistos ao som da música que ele ouvia no instante de cada clique — e, na tentativa de persuadir Mark de que seu trabalho não tem valor menor que o dele, mostra ao pesquisador outra forma de ver a aridez branca que o cerca. O botânico do grupo (o cantor Seu Jorge), porém, percebe que algo não vai bem com Cris. Falado em inglês, rodado em estúdio (com excelente qualidade técnica) e dirigido pela dupla 300ml, formada por Manitou Felipe e Bernardo Dutra, Soundtrack é uma bem-vinda exceção em tema, tom e paisagem no cinema nacional. Além desse refrigério (sem trocadilho), contam muitos pontos a interação intensa entre Mello e Ineson e o encaminhamento sóbrio do drama, até o desfecho comovente.