Mal havia se recomposto das sequelas da I Guerra Mundial, a Grã-Bretanha já encarava novas bombas a caminho de seu território com o grande conflito seguinte, na década de 1940. O professor e ensaísta C.S. Lewis serviu em ambas as batalhas que assolaram a Europa. Na juventude, foi às trincheiras. Já na II Guerra, serviu como oficial da vigilância antiaérea e dava palestras aos integrantes da Força Aérea Real. A experiência em meio ao cenário de devastação e sua popularidade ao tratar de assuntos intensos com leveza e imaginação renderam uma série de conversas transmitidas pela rádio BBC, entre 1942 e 44.
Os discursos de Lewis foram reunidos por ele mais tarde no livro Cristianismo Puro e Simples (Tradução: Gabriele Greggersen, Thomas Nelson Brasil, 288 páginas, 39,90 reais), no qual ele medita sobre a fé cristã, seus hábitos e doutrinas. Mesmo em um cenário de guerra, que poderia unir os diferentes, Lewis destacou a insistente rixa entre denominações e as muitas crenças dentro de uma fé tão ampla. Tanto que, o segundo volume do livro (que é dividido em quatro), intitulado “No Que Acreditam os Cristãos”, foi remetido pelo autor à leitura de um quarteto de clérigos: um da igreja anglicana, outro católico romano, outro metodista, e um presbiteriano. O texto recebeu algumas poucas críticas dos líderes religiosos em questão.
Todo o processo é descrito pelo autor de Crônicas de Nárnia logo no prefácio, prova de que sua proposta de cristianismo puro e simples não é tão simples assim. O problema, vale ressaltar, reside mais na vasta visão de seus receptores do que em suas palavras. Apesar de não se categorizar como um filósofo, o autor faz reflexões comparáveis a pensadores como Kierkegaard. Existem verdades absolutas? E padrões éticos e morais aplicáveis à todas as culturas? Em qual medida a fé interfere nestas questões? Perguntas difíceis de serem respondidas, mas analisadas com desenvoltura pelo autor, que lança mão de exemplos cotidianos e anedotas para ilustrar sua visão de mundo.
O título ganha este mês, pela editora Thomas Nelson Brasil, um novo projeto gráfico, com capa dura e acabamento de luxo. No miolo, a educadora e pesquisadora da obra do autor Gabriele Greggersen assina uma nova tradução, com texto moderno e atualizado. O tratamento foi dado a outros livros do mesmo estilo de Lewis. São eles Os Quatro Amores (192 páginas, 34,90 reais); A Abolição do Homem (128 páginas, 29,90 reais), O Peso da Glória, 192 páginas, 34,90 reais); e o sagaz Cartas de um Diabo a seu Aprendiz (224 páginas, 34,90 reais). Confira as capas abaixo: