São cada vez mais raras as performances de Maria João Pires. A pianista portuguesa de 75 anos não disfarça que tem se cansado das turnês e do desconforto de estar no palco. Chegou, inclusive, a anunciar sua aposentadoria – mas já abandonou essa ideia. “Nunca tive um bom relacionamento com o piano”, disse numa entrevista. Qualquer chance de apreciar ao vivo seu toque delicado, portanto, deve ser considerado um presente dos deuses. E eles decidiram agraciar o público brasileiro em quatro oportunidades. Maria João Pires se apresenta na Sala São Paulo (São Paulo) nesta terça-feira, 8, às 21h, num evento da Sociedade Cultura Artística; na quarta, 9, às 20h, ela estará no Teatro Municipal do Rio como parte da programação da Dell’Arte, e dia 26 se apresenta no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Mas o momento mais ambicioso de sua turnê pelo Brasil acontece de 14 a 19 de outubro no Centro Cultural Baía dos Vermelhos, em Ilhabela, cidade do litoral de São Paulo. Serão cinco dias de workshops de piano (ministrada por ela e pelo pianista sérvio Milos Popovic) e mais um recital de Maria João.
Beethoven e Chopin fazem parte do repertório da pianista no país. Dois compositores que lhe são familiares. Sua gravação de Os Noturnos, do autor polonês, é classificada como essencial pelas publicações especializadas no universo erudito. “Se Chopin tivesse nascido na era dos CDs, ele certamente apreciaria as gravações de Maria João Pires de Os Noturnos”, escreveu o crítico e pianista inglês Stephen Plaistow, que louvou ainda a sonoridade das interpretações da pianista portuguesa. Beethoven, por seu turno, estará representado por duas sonatas: a número 8, também conhecida como A Patética, e a Sonata número 32.