Pendurada por um cabo, Lady Gaga flutua na tela por alguns segundos até ser suspensa ao topo da estrutura que serviria de palco para sua apresentação no Super Bowl 2017. Com estádio lotado, o show no tradicional intervalo do evento esportivo foi não só um dos mais assistidos do nobre espaço, mas também serviu para apaziguar ânimos – os Estados Unidos lidavam, divididos, com a recente posse de Donald Trump. Esperava-se que Gaga fizesse críticas ao novo presidente. Mas ela preferiu um discurso de harmonia, aliada a uma apresentação divertida e leve, repleta de hits.
O momento emblemático abre e encerra o documentário Gaga: Five Foot Two, produção original da Netflix, que entrou para o catálogo do site de streaming nesta sexta-feira. A sensação de harmonia pauta o restante do filme, que mostra uma Gaga dois tons abaixo da excentricidade que a fez famosa. O diretor Chris Moukarbel acompanhou a cantora por oito meses e apreciou, especialmente, o processo de produção do disco Joanne, feito em homenagem a uma tia de Gaga que morreu aos 19 anos.
Em sua casa, com roupas simples, comparadas ao infame vestido de carne usado em 2010, Gaga fala sobre seu novo momento, a família e as dores crônicas que se instalaram em seu corpo, resultado de um deslocamento de quadril, três anos atrás. Recentemente, tais dores a impediram de vir ao Rock in Rio.
Assim como o show do Super Bowl, o documentário foge de polêmicas – exceto por uma breve alfinetada de Gaga em Madonna —, e opta pela câmera que busca o brilho do biografado. Fácil de ser apreciado, por fãs ou nem tanto.